ELEIÇÕE 2010 Dossiê: policial diz que intenção era grampear Serra


O policial aposentado da Polícia Federal (PF), Onézimo Souza, informou nesta quinta-feira, 17, que desde o primeiro encontro com integrantes da campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, percebeu que a intenção dos jornalistas Luiz Lancetta, Amaury Ribeiro e do empresário Benedito de Oliveira era a de grampear o candidato do PSDB, José Serra, seus familiares e amigos e não o de "monitorar" a casa onde está montado o comitê de Dilma em Brasília.

Onézimo Souza fez as afirmações no Senado, onde participou de uma audiência pública na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso para esclarecer as denúncias veiculadas pela imprensa.

"Perguntei a eles: vocês querem reeditar o aloprados II?", disse Onézimo, referindo-se ao dossiê utilizado por petistas contra Serra na campanha ao governo de São Paulo. "Como recusei a proposta, fiquei sem o contrato de R$ 1,6 milhão, em 10 parcelas", disse. O contrato incluia a elaboração de um projeto de segurança e o controle de fluxo de documentos e pessoas no comitê de Dilma Rousseff.

Policial aposentado da PF prestou depoimento nesta quinta no Senado

Onézimo afirmou que o pagamento seria feito "preferencialmente" em dinheiro. O policial informou que Lancetta se apresentou nesse primeiro contato como sendo "representante" do coordenador de campanha de Dilma, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, enquanto Benedito de Oliveira - chamado de Bené - se identificou como sendo o responsável pelo pagamento do serviço.

O policial acrescentou que, quando recebeu o pedido de investigar José Serra e outras pessoas, considerou a proposta “indecente”, e se recusou a continuar com a conversa.

Ele afirmou que as pessoas presentes teriam pedido para que investigasse, além de Serra, o deputado Rui Falcão, integrante do comando da campanha do PT, “o pessoal do Itagiba [deputado Marcelo Itagiba]” e o petista Valdemir Garreta. O policial aposentado relatou que as pessoas presentes na reunião desconfiavam de que o comitê de Dilma estivesse sendo vítima de “fogo amigo” e, por isso, seria necessário “colocar ordem na casa”.

Gravação - Perguntado pelo vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), se teria gravado a conversa, Onézimo Souza esquivou-se. Diante da insistência do parlamentar, ele retrucou: “Como profissional cuidadoso o senhor faria [a gravação]?”. Num segundo momento, perguntado novamente sobre o assunto pelo deputado tucano Marcelo Itagiba (RJ), Onézimo disse que essa informação é “uma matéria de defesa” – já que responde a dois processos – que seria confirmada em juízo.

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