Pode faltar cimento no país, ainda que de forma pontual, admitiu nesta terça-feira o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) José Otávio de Carvalho, na Firjan. A causa está no volume de grandes obras previstas para serem feitas daqui até 2013 - as do Plano de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), do programa Minha Casa, Minha Vida e, principalmente, as construções das instalações para Copa do Mundo e Olimpíadas.
- A indústria está investindo, há projetos de novas fábricas sendo executados. Mas podem ocorrer situações pontuais de descasamento entre a oferta e a demanda. A indústria está se preparando, inclusive, para importação, a fim de suprir um eventual desabastecimento - afirmou Carvalho, durante o 1º Workshop sobre a Indústria do Cimento, promovido pelo SNIC e pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Perguntado sobre se a importação implicaria aumento do preço do cimento, Carvalho disse que não teria como responder, já que cada fábrica poderia adotar uma solução diferente. Desde 2006, o governo reduziu a zero a alíquota do imposto para os cimentos importados, oriundos de qualquer parte do mundo. Porém, o preço na maioria dos outros países é mais alto: hoje, o Brasil tem um dos menores preços de cimento do continente americano (cerca US$ 92/tonelada).
- O cimento representa, no país, menos de 2% do custo total de uma moradia - ressaltou o vice-presidente do SNIC.
Operam atualmente no Brasil 70 fábricas, pertencentes a 12 grupos nacionais e estrangeiros, com capacidade instalada da ordem de 67 milhões de toneladas/ano. Em 2009, foram consumidos no país 51,5 milhões de toneladas - haveria margem, portanto, para um crescimento no consumo da ordem de 30%. A estimativa é que, em 2010, o consumo seja 12% maior que no ano passado.
- No fim do ano passado, estimava-se crescimento da ordem de 7%. Mas, com a expansão do crédito, fizemos uma revisão dessa previsão, para crescimento de 12% - informou Carvalho.
Ele ressalta que o consumo per capita no Brasil é baixo: de 272 kg por habitante, contra a média mundial de 422 kg. Para se ter uma ideia, na Coreia do Sul, o consumo é de 1.042 kg por habitante. Na China, de 1.038 kg. E, na Espanha, de 936 kg.
- O consumo no Brasil é relativamente baixo em comparação com países desenvolvidos e muito aquém daqueles que estão passando por processo de desenvolvimento.
Responsabilidade ambientalNo evento promovido pela Firjan, os especialistas falaram sobre um dos maiores desafios da indústria do cimento: reduzir o impacto ambiental causado pelo setor. De acordo com o SNIC, o setor cimenteiro possui uma capacidade crescente de queima de resíduos de diversos segmentos da indústria (siderúrgica, petroquímica, automobilística, de alumínio etc) em fornos de cimento. É o chamado coprocessamento. Hoje, são coprocessados cerca de 950 mil toneladas/ano - o país gera, no entanto, cerca de 2,7 milhões de toneladas.
- O coprocessamento elimina, de forma correta e segura, resíduos perigosos e passivos ambientais. E, ainda, preserva recursos energéticos não-renováveis, como óleo e carvão, pela substituição do combustível convencional e pela incorporação na massa do produto, em substituição a matérias-primas que compõem a sua fabricação, sem alteração de suas características - explicou Iushiro Kihara, diretor da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).O GLOBO
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