Pena de Bruno, goleiro do Flamengo, pode chegar a 56 anos se condenado por homicídio

Bruno se apresenta à Polinter do Andaraí / Luis Alvarenga -  Extra

RIO - O goleiro Bruno, do Flamengo, que se entregou à polícia no fim da tarde desta quarta-feira, poderá ser condenado a uma pena de 17 anos de prisão por crimes investigados em dois inquéritos. No que apura o desaparecimento de sua ex-amante Eliza Samudio, de 25 anos, ele foi indiciado como mandante de sequestro. Em outro inquérito, na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, o atleta foi denunciado por lesão corporal e sequestro, crimes que também teriam sido cometidos contra a jovem, desaparecida há cerca de um mês. A pena total, no entanto, pode chegar a 56 anos diante das suspeitas que ainda pesam contra o jogador: homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver. Amigo e funcionário de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, também se entregou nesta quarta. Os dois se apresentaram na Polinter do Andaraí.

(Flagrantes do 'Dia D' na vida do goleiro Bruno) (Acompanhe a linha do tempo do caso) (Menor afirma que partes do corpo de Eliza foram jogadas para cães) (Ouça a entrevista do tio do menor à Rádio Tupi, que provocou a reviravolta no caso)

Bruno e Macarrão chegaram à unidade por volta das 17h, acompanhados do advogado Michel Asseff Filho. A chegada dos dois atraiu dezenas de curiosos, que gritaram "assassino!" para o jogador. Eles passaram mais de uma hora na Polinter e foram levados de carro para Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, onde se recusaram a prestar depoimento, afirmando que só vão falar em juízo. Os dois seriam transferidos mais tarde para Belo Horizonte - onde estão concentradas as investigações sobre o sumiço de Eliza -, mas antes passariam pelo Instituto Médico-Legal (IML), para fazer exame de corpo de delito.

O delegado titular da Divisão de Homicídios no Rio, Felipe Ettore, disse que Macarrão e um menor de 17 anos que, na terça-feira, admitiu ter agredido Eliza dentro de um carro a caminho de Minas Gerais, foram indiciados como executores do sequestro e por lesão corporal.

- Há sérios indícios de que Bruno mandou sequestrar e Macarrão e o menor executaram o crime. A vítima foi tirada do Rio e teve sua liberdade cerceada. Isso é crime de sequestro - disse Ettore.

No início da madrugada desta quinta-feira, a delegada Alessandra Wilke, da Delegacia de Homicídios de Contagem, disse na Delegacia de Homicídios da Barra, que está aguardando uma decisão da Justiça do Rio para transferir o goleiro Bruno para Minas Gerais. Segundo a delegada, ela quer tomar o depoimento do jogador e de Macarrão para anexar ao inquérito do desaparecimento de Eliza Samudio.

- Quero ouvir o Bruno porque existem algumas contradições no inquérito. Não afirmamos homicídio, mas sim um desaparecimento com base no homicídio - explicou a delegada.

Polícia busca em casa os restos de Eliza

Policiais da Divisão de Homicídios (DH) do Rio localizaram nesta quarta-feira, no município de Vespasiano, a 20 quilômetros de Belo Horizonte, em Minas, a casa onde podem estar os restos mortais de Eliza Samudio. O imóvel pertence ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos. A propriedade foi apontada pelo menor de 17 anos como o local em que o corpo da jovem - mãe de um bebê de 4 meses que pode ser filho do atleta - teria sido enterrado e, depois, coberto por uma camada de concreto. Uma multidão de curiosos acompanhou os trabalhos da polícia durante todo o dia.

Na terça-feira, o menor, após ser denunciado por um tio, confessou aos policiais civis do Rio ter participado do sequestro da jovem. Ele disse, inclusive, ter dado três coronhadas em Eliza dentro do Range Rover do atleta, no qual a levava para Minas, junto com um amigo do jogador, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Ao indicar a casa do ex-policial, para onde Eliza teria sido levada ao chegar no estado, o menor afirmou ter visto Marcos aplicar uma "gravata" nela, provocando sua morte. O ex-policial, que não estava na casa e não foi localizado nesta quarta-feira, teria sido expulso da Delegacia de Furtos e Roubo de Minas entre 1992 e 1993.

Apesar dos esforços, não foram encontrados ontem vestígios do corpo de Eliza na casa, mas os trabalhos continuam hoje. Os policiais, porém, encontraram vestígios de sangue no porta-malas de um carro que pertenceria ao ex-policial. Durante todo o tempo, o menor e o tio dele - que, em entrevista à Rádio Tupi, denunciara o sobrinho e afirmara saber que Eliza tinha sido "desossada" e que pedaços de seu corpo tinham sido comidos por cães - acompanharam os policiais.OGLOBO

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