Polícia Federal instaura inquérito para apurar atentado contra presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe
BRASÍLIA e RIO - A Polícia Federal vai investigar o atentado contra o presidente do TRE de Sergipe , desembargador Luiz Mendonça, ferido na manhã desta quarta-feira, quando o carro em que viajava foi metralhado. A polícia já tem um suspeito , o foragido da Justiça Floro Calheiros, que teria uma lista de autoridades marcadas para morrer. De acordo com o governador Marcelo Déda, a Polícia Civil de Sergipe não acredita que o crime tenha motivação política. No entanto, nenhuma hipótese foi descartada.
No fim da tarde, após reunião com o presidente Lula, Déda também descartou a possibilidade do uso da Força Nacional de Segurança ou do Exército nas eleições de outubro.
- A própria vítima não vê ligação entre sua função e o atentado - disse Deda. - Não há nenhum indício de que haja vínculo com a função do desembargador no TRE. Essa hipótese é remotíssima.
Segundo o governador, não há nenhuma decisão do presidente do TRE que tenha sido drástica a ponto de levar qualquer pessoa a uma reação tão violenta. Ele argumenta ainda que as disputas políticas locais são intensas, mas pacíficas. Para ele, a hipótese mais provável é que o crime tenha sido cometido por alguma pessoa insatisfeita com decisões do desembargador na fase em que ele atuou como secretário de Segurança ou ainda no período em que era promotor de Justiça.
Mais cedo, em nota, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, pediu reforço na proteção dos juízes e outras autoridades envolvidas nas eleições. O presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Ricardo Lewandowski, também cogitou reforçar a segurança de presidentes dos TREs.
O procurador regional eleitoral de Sergipe, Ruy Nestor, também não acredita em motivação política.
- Não acredito que o crime tenha qualquer relação com os julgamentos de registros feitos para essas eleições, porque apesar de Luiz Mendonça ser o condutor dos trabalhos, como presidente ele não votou nos processos. Mas há outros processos do âmbito eleitoral criminal, fatos anteriores às eleições de 2010, que podem ter alguma vinculação. Por isto, requisitei a instauração de inquérito federal.
Segundo Ruy, o atentado chocou autoridades e a opinião pública pela brutalidade e ousadia dos criminosos:
- Estamos abismados com a afronta dessas pessoas. Quatro homens fortemente armados em uma das avenidas mais movimentadas de Aracaju. Não foi um atentado apenas contra o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, mas contra a Justiça, contra o estado de Sergipe.
O juiz ouvidor do TRE-SE, Anselmo Oliveira, informa que tanto a PF como a polícia do estado trabalham com várias linhas de investigação.
- Consideramos o caso muito grave. Tanto que o presidente do Superior Tribunal Eleitoral está vindo para acompanhar as investigações. Mas toda a cautela é necessária para a elucidação do crime - afirmou o juiz.
O ouvidor eleitoral disse que também não acredita, a princípio, que o caso tenha relação com o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo TRE ou com as 14 impugnações de candidatos colhidas por aquela corte.
- Eu também sou juiz criminal e sei que não podemos descartar nenhuma hipótese, mas não vejo a princípio qualquer ligação. O presidente inclusive se dá bem com todas as correntes políticas da região e não temos aqui casos de coronelismo - contou.
Segundo informações do TRE-SE, o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, viajou para Aracaju com mais quatro ministros em um avião da FAB para visitar o desembargador Luiz Mendonça, que apesar da gravidade do atentado, passa bem. O motorista dele, no entanto, foi atingido por quatro tiros. Ele foi submetido a uma cirurgia, e o estado de saúde dele é muito grave.oglobo
0 Comentários