PM mata 7 após atentado contra Rota Número registrado em 36 horas equivale à quantidade de mortos pela Polícia Militar a cada dez dias, segundo a médi




Josmar Jozino, Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo

Nas primeiras 36 horas após o atentado contra o tenente-coronel Paulo Adriano Telhada, comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), policiais militares mataram sete pessoas na cidade de São Paulo. Entre esses sete não está incluído Frank Ligieiri Sons, o homem baleado e morto sob a acusação de atacar a tiros na madrugada de domingo o quartel da Rota, na Luz, no centro de São Paulo.

O número de casos depois do atentado a Telhada é seis vezes a média diária de 0,78 caso de tiroteio com morte registrada pela corporação no primeiro semestre deste ano na cidade - 141 casos em 181 dias. Desde os ataques contra Telhada e a sede da Rota, a polícia ficou em estado de alerta e reforçou a vigilância de bases comunitárias e a atenção no patrulhamento das ruas.

O primeiro dos tiroteios a terminar com a morte de um acusado de roubo ocorreu às 15 horas de sábado. Um homem foi morto em confronto com homens da Rota, acusado de dirigir um carro roubado e reagir à prisão. O segundo caso envolveu os homens do 3.º Batalhão da PM, na zona sul de São Paulo.

O Comando de Força Patrulha matou um homem e prendeu um adolescente acusados de roubar um carro. No mesmo horário, a Força Tática do 29.º Batalhão matou um homem acusado de roubar um salão de cabeleireiro - um outro acusado do assalto conseguiu escapar.

Uma hora depois foi a vez dos homens do Comando de Força Patrulha do 38.º Batalhão da PM, em São Mateus, na zona leste. Eles se envolveram em um tiroteio depois que encontraram três homens com um carro roubado. Um dos suspeitos morreu, um foi preso e outro conseguiu escapar. O domingo começou com o ataque ao quartel da Rota, na qual o acusado Frank Sons foi morto - com ele, os policiais acharam uma pistola calibre 40 e um coquetel molotov. Sons era irmão de um ex-sargento da PM.

Às 8 horas, radiopatrulha do 37.º Batalhão da PM foi atender um caso de roubo e prendeu quatro acusados - um quinto homem, que teria reagido à prisão, morreu no tiroteio. Às 18 horas, policiais da Rota localizaram um carro roubado com um casal. O suspeito também teria reagido à prisão. Ele morreu e a mulher foi presa. Por fim, às 22 horas, outro acusado de roubo morreu em tiroteio com policiais da Rota. O ladrão assaltou uma casa de esfiha na Avenida Ricardo Jafet, zona sul.

O assaltante havia levado R$ 300 da Esfiharia Catedral. O homem parecia nervoso. Ele pegou o dinheiro do caixa e da bolsa de uma funcionária da loja. O bandido estava com um revólver calibre 38. Momentos depois de sair da loja, um carro da Rota passou em frente da esfiharia.

Os funcionários do lugar avisaram os policiais, que encontraram o acusado a cem metros dali, na Rua Rocha Galvão. O dinheiro e a bolsa da funcionária foram recuperados. Pela numeração da arma do suspeito, descobriu-se que ela havia sido roubada do vigia de um banco assaltado na Lapa, em maio de 2009.

No primeiro semestre deste ano, segundo números da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, policiais da Rota mataram 36 pessoas em tiroteios. No mesmo período de 2009, esse número havia ficado em 21. O aumento é creditado pelos policiais do batalhão ao aumento dos enfrentamentos envolvendo o combate ao crime organizado, o que teria, até mesmo, provocado os atentados contra o tenente-coronel Telhada e a sede do batalhão.

A polícia de São Paulo deve continuar em alerta até o fim do próximo fim de semana, quando cerca de 20 mil presos do regime semiaberto devem receber o direito de visitar suas famílias por cinco dias durante o Dia dos Pais.

Pontos chaves
Histórico
Os ataques do PCC em 2006 resultaram em 564 mortes (causadas pela facção e por policiais). Entre maio e agosto, delegacias, bancos, postos de gasolina e ônibus foram atacados.

Insegurança
54 vítimas, desse total, eram agentes de segurança - policiais civis, militares e agentes penitenciários.

Reação
Nesse período, ocorreram 87 extermínios, com uma série de denúncias de abusos contra policiais militares, principalmente. A maior parte dos casos nunca foi esclarecida.



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