Cartel mexicano promete deixar crime se governo melhorar segurança


Pedro Pardo03.11.2010/AFP

Técnicos trabalham em cova encontrada no balneário de Acapulco, no sul do México, onde turistas foram assassinados e enterrados vivos

O cartel La Familia Michoacana anunciou nesta quarta-feira (10) que poderia deixar suas atividades criminosas para não continuar sendo "pretexto para que as autoridades continuem lacerando e humilhando os direitos humanos de nossos irmãos".

O anúncio foi feito por meio de cartazes deixados em pontos públicos da cidade de Zitácuatro, que é controlada pela organização criminosa no sudoeste do México. Eles também enviaram o recado a veículos da imprensa.

No texto, o grupo disse que poderia "desaparecer" se o governo de Felipe Calderón se comprometer a "garantir a paz" em Michoacán.

A mensagem enfatizou que o cartel já "reintegrou" suas "atividades produtivas", mas condicionou a mobilização ao fato de os governos federal e local e as polícias "se comprometam a tomar o controle de Michoacán com força e decisão".

Cartel diz lutar contra incompetência do governo

Criado em 2005, o cartel disse ainda que seu objetivo inicial era "lutar contra a ineficácia das autoridades mexicanas para erradicar de Michoacán os ladrões, estupradores, narcotraficantes e sequestradores".

Ao mesmo tempo, pediu à sociedade que se pronuncie, ainda por meio da imprensa, sobre a nova decisão.

Uma pesquisa elaborada pelo grupo editorial do jornal Reforma apontou que o México superou a barreira dos 10 mil mortos só em 2010 por conta da alta criminalidade. Esse é o pior registro anual desde que o presidente Calderón começou seu combate contra o narcotráfico, no final de 2006.

Petroleira vai paralisar atividades por causa da violência

Paralelamente à proposta, no norte do país, a Pemex Exploração e Produção, uma das filiais da estatal Petróleos Mexicanos, anunciou ter deixado de extrair 150 milhões de pés cúbicos de gás natural em decorrência das ameaças feitas por grupos do crime organizado.

Carlos Morales, diretor da empresa, disse ao jornal Reforma que as atividades foram suspensas em amplas zonas das reservas da chamada Bacia de Burgos, no Estado de Tamaulipas, na fronteira com os Estados Unidos – uma das regiões mais atingidas pela violência.

O Exército chegou a enviar contingentes militares para operações de vigilância na região - que é dominada pelo cartel do Golfo e seu ex-braço armado, o grupo Los Zetas. Porém, esta ainda é considerada insuficiente.

Ainda segundo o membro da Pemex, "há zonas onde não é seguro ir, porque criminosos ameaçam as pessoas".

Mapa violência México

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