Estado terá helicópteros e blindados das Forças Armadas à disposição

Nesta sexta-feira, Cabral ressaltou a união das esferas de poder para ressaltar os pontos positivos da operação na Vila Cruzeiro

Rio - Em reunião, realizada nesta sexta-feira, ficou definido que o estado do Rio de Janeiro terá à disposição três helicópteros da Aeronáutica e 10 blindados do Exército para a utlização em operações nos Complexos da Alemão e da Penha, na Zona Norte.

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De acordo com o general De Nardi, Chefe do Estado-Maior Conjunto, a missão dos 800 homens convocados pelo Exército será fazer a segurança no entorno dos acessos ao Conjunto de Favelas do Alemão. Para o militar, a maioria dos soldados empenhados na função serviu no Haiti e têm experiência em conflito urbano.

Foto: Carlos Eduardo Rodrigues / Agência O Dia

Vista aérea da Vila Cruzeiro: centenas de policiais e veículos ocupam a favela | Foto: Carlos Eduardo Rodrigues / Agência O Dia

"Entraremos em conflito se houver necessidade. Se caso for, 60% dos homens estiveram em missões no Haiti e têm experiência", afirmou Di Nardi.

Os homens do Exército vão trabalhar ocupando cerca de 40 pontos próximos do Alemão e da Vila Cruzeiro. Eles serão divididos em grupos e turnos, mas as equipes estarão sempre acompanhadas de policiais civis, militares ou federais. Eles terão autonomia para abordar, revistar e pender suspeitos.


Cabral: 'Estamos virando uma página muito importante na história do Rio'

No início da tarde, o governador Sérgio Cabral afirmou que Rio de Janeiro encerra um capítulo sangrento na história do estado. Cabral esteve reunido com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

"Estamos virando uma página muito importante na história do Rio de Janeiro. Mais do que nunca, a população está percebendo que a conquista da lei e da ordem são direitos básicos", disse Cabral.

Para o governador do estado, o sucesso da retomada de territórios vem de muito trabalho. "A retomada da paz não tem mágica. É 90% de transpiração e 10% de inspiração, disse o governador.

O governador ressaltou a união das esferas de poder para ressaltar os pontos positivos da operação na Vila Cruzeiro. "Para aqueles que não acreditam na lei, podemos dizer que o estado de direito democrático se uniu para resolver uma questão em que todos ganham", afirmou.

Um agradecimento especial foi feito às forças responsáveis pela retomada do território. "Muito obrigado à Polícia Militar, Civil e Federal, assim como as três forças armadas, pelo empenho com o único objetivo de trazer a paz", completou.

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.

Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostram a atual situação do Rio de Janeiro.

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