O garoto Joel da Conceição Castro, de 10 anos, foi enterrado com mais de uma hora de atraso, por volta de 12h desta terça-feira, 23, no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. Joel morreu ao ser baleado dentro da própria casa durante uma ação da polícia por volta da zero hora desta segunda-feira, 22, para combater traficantes na Rua Aurelino Silva, no Nordeste de Amaralina.
Centenas de pessoas compareceram ao enterro que aconteceu em clima de comoção. Em torno de 30 crianças da escola Maria Amália Paiva, onde o garoto estudava, também foram ao cemitério prestar homenagens ao garoto. O pai, Joel Castro, conhecido como mestre Ninha e a mãe, a dona de casa Mirian Conceição, passaram mal duas vezes e precisaram ser retirados do local.
Durante o sepultamento, houve vários discursos de vizinhos emocionados com a situação e uma roda de capoeira do Grupo Gingado Baiano, do qual Joel fazia parte, foi formada. Um carro de som encontra-se no local e familiares e amigos da vítima prometem bloquear o trânsito na Avenida Cardeal da Silva, na Federação, em protesto contra o crime.
Caso - Joel da Conceição Castro, de 10 anos, foi baleado durante uma troca de tiros entre policiais militares e traficantes no Nordeste de Amaralina. O garoto foi atingido no rosto quando se preparava para dormir, na própria casa.
De acordo com testemunhas, os tiros que atingiram Joel, que é filho do mestre de capoeira Joel Castro, conhecido como mestre Ninha, teria partido da polícia. "Mestre Ninha estava com a criança nos braços quando saiu de casa e pediu socorro. Os policiais mandaram ele voltar e disseram que se não retornasse iria morrer também", afirmou um morador do bairro, que não quis se identificar.A mãe da vítima, a dona de casa Mirian Conceição, de 33 anos, criticou a forma como os policiais entraram no bairro. "Eles já chegaram aqui xingando todo mundo. Meu filho estava arrumando a cama para dormir quando recebeu os tiros", conta.
Joel fazia parte de um grupo de capoeiristas do Nordeste de Amaralina e se preparava para viajar com o pai para a Itália, onde participaria de apresentações de capoeira. Há cerca de três meses, o garoto participou de um comercial do Governo da Bahia, onde aparecia praticando o esporte ao lado do pai.
Prisões - Na noite desta segunda-feira, nove policiais militares da 40º CIPM, que participaram da operação, foram afastados das suas funções e vão cumprir apenas atividades administrativas durante as investigações, que serão comandadas pelo major Joseval Pinto.
Também nesta segunda-feira, três protestos dos moradores do Nordeste de Amaralina foram realizados em Salvador contra a morte do menino. As manifestações ocorreram nas avenidas Manoel Dias da Silva e Visconde de Itaborahy, próximo ao quartel de Amaralina, e em frente ao prédio da 28ª DP, no Nordeste de Amaralina.www.atarde.com.br
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