Rio - Policiais militares, civis e tropas do Exército iniciaram, por volta das 8h, a ocupação do Complexo do Alemão. Dois carros blindados entraram em um dos acessos à Favela da Grota e foram recebidos com muitos tiros. Helicópteros dão apoio.
Cenário de guerra no Rio de Janeiro: tanques blindados da Marinha enfileirados num dos acessos à Vila Cruzeiro | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
De acordo com o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário operacional da Polícia Civil, 60 homens da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) já estão dentro da comunidade.
A Polícia Civil informou, há pouco, que agentes conseguiram tomar as localidades conhecidas como Areal e Coqueiro, parte central da Favela da Grota. Com isso, uma guarnição do 6º Batalhão (Tijuca) iniciou a incursão para dar apoio.
"No momento já conseguimos tomar o Areal que é um local de difícil acesso no Alemão. Vamos agora tentar retomar uma área próximo à rua Joaquim de Queiroz para tentar encontrar armas", disse o delegado Allan Turnowski, chefe de Polícia Civil.
Guerra declarada: tanques da Marinha e reforço de policiais para combater os criminosos no Alemão | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
Policiais do Bope e fuzileiros navais com rostos pintados invadem o Complexo do Alemão | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
Vários policiais usam fuzis calibre 7.62 mm com miras telescópicas para que os tiros disparados acertem os alvos e, desta forma, evitem que inocentes sejam baleados. Dois helicópteros da Polícia Civil e um da Aeronáutica dão apoio às operações.
"O Coqueiro fica no lado esquerdo da Rua Joaquim Queiroz e o Areal fica no lado direito. Como o local é um vale, é necessário que toda a localidade para que as tropas que entrem tenham segurança", completou.
Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também seguem para o Complexo do Alemão para invadir a comunidade. Os PMs seguem em blindados da Marinha, e um comboio partiu do 16º BPM (Olaria), onde os militares montaram uma base de coordenação das operações. Os primeiros agentes a chegar na favela são atiradores de elite da corporação (snipers).
Ataques começaram no último domingo ao meio-dia
A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.
Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.
No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.
Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.
Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha.
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