Traficante condenado pela morte de Tim Lopes é preso no Complexo do Alemão

Outro criminoso conhecido como Pingo foi entregue à polícia pelo próprio pai

Rio - Policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador) prenderam na tarde deste domingo o traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu, um dos condenados pela morte do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo. O criminoso era foragido da Justiça e foi encontrado em sua casa, na localidade conhecida como Coqueiro, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio.

Foto: Felipe O'Neill / Agência O Dia
Zeu foi condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, mas foi beneficiado com a progressão para o regime semiaberto em 2007 e não retornou à prisão | Foto: Felipe O'Neill / Agência O Dia

No momento em que Zeu passava pelas ruas da comunidade, sob o domínio da polícia, moradores se manifestavam e perguntava ao bandido "onde estava o machão". Zeu era um dos chefões do tráfico e integrante da quadrilha de Elias Maluco. Abordado pelos policiais em sua residência, ele não estava armado mas resistiu à prisão, se entregando após alguns minutos aos policiais que montaram o cerco.

Zeu foi condenado a 23 anos de prisão pela morte do jornalista, mas estava foragido da Justiça desde 2007, quando conseguiu sair da cadeia graças a um indulto e acabou fugindo.

O traficante é tido como o responsável por queimar o corpo de Tim Lopes. Em agosto deste ano, o programa Fantástico registrou imagens do criminoso armado, circulando pelo Complexo do Alemão e vendendo drogas na comunidade.

O bandido foi beneficiado com a progressão para o regime semiaberto em 2007 e não retornou mais à prisão. Em agosto deste ano, o programa " Fantástico", da TV Globo, mostrou imagens de Zeu vendendo drogas e circulando de moto pelas ruas do morro do Alemão.

O traficante Zeu participou também da ação que derrubou o helicóptero da Polícia Militar e na invasão Morro dos Macacos, em Vila Isabel (zona norte do Rio), em outubro do ano passado, segundo inquérito da Polícia Civil.

Tim Lopes foi capturado, torturado e morto por traficantes da Vila Cruzeiro, em junho de 2002, quando produzia uma série de reportagens sobre tráfico de drogas e sexo em bailes funk da comunidade. O jornalista foi torturado e executado.

Durante a apresentação do traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu, o coronel Álvaro Garcia, Chefe do Estado Maior da Polícia Militar,reafirmou que as incursões vão continuar até que todos os bandidos ejam presos. O coronel disse ainda que as lideranças das do tráfico estão ficando sem forças.

Traficante é entregue à polícia pelo pai


A polícia também prendeu o traficante identificado como Carlos Augusto Trindade, de 25 anos, o Pingo. O criminoso foi entregue aos militares pelo seu próprio pai e é considerado gerente do tráfico de drogas da localidade conhecida como Casinhas, no Complexo do Alemão.


Contra Pingo, já havia sido expedido um mandado de prisão por tráfico de drogas. O rapaz invadiu a casa de uma vizinha para se esconder da incursão dos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que encontraram o criminoso depois de terem sido chamados pelo pai do acusado. Emocionado, o homem agradeceu aos agentes por terem preservado a vida do filho.

"Um dia ele iria ter que pagar. Se não fosse agora, seria depois", comentou o pai, apenas.

Ataques começaram no domingo ao meio-dia

A onda de ataques violentos no Rio e Grande Rio começou no domingo 21 de novembro, por volta do meio-dia, na Linha Vermelha, quando seis bandidos armados com cinco fuzis e uma granada fecharam a pista sentido Centro, altura de Vigário Geral. Os criminosos, em dois carros, levaram pertences de passageiros e queimaram dois veículos, após expulsarem os ocupantes. Para o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, as ações criminosas são uma reação contra a política de ocupação de territórios do tráfico, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e a transferências de bandidos para presídios federais em outros estados.


Na manhã da segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à Avenida Brasil, em Irajá, também na Zona Norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos. No mesmo dia, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que haviam incendiado os três carros na mesma manhã. À noite, traficantes incendiaram dois carros na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Pavuna. Foi o quinto ataque a motoristas em menos de 48 horas. Na Zona Norte, outra cabine da Polícia Militar foi metralhada.

Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Militares ocupam o Complexo do Alemão: Zeu, um dos traficantes mais procurados pela polícia carioca foi preso na tarde deste domingo | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia

No dia seguinte, as polícias Militar e Civil se uniram para reforçar o patrulhamento pelas ruas do Rio. O efetivo foi redobrado para controlar os ataques dos bandidos. A operação, que se chamou 'Fecha Quartel', suspendeu todas as folgas dos policiais militares do Rio de Janeiro. Mais de 20 favelas foram invadidas e armas e drogas foram apreendidas. Bandidos foram presos e alguns criminosos mortos em confronto com agentes.

Na quarta-feira 24 de novembro, novos ataques: ônibus, van e carros foram incendiados na Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense e Niterói. Sérgio Cabral, governador do Rio, desafiou os bandidos: 'Não há paz falsa. Não negociamos'. Em uma reunião de cúpula da Segurança Pública do Estado, ficou decidido que a Marinha daria apoio logístico às operações de resposta aos ataques de bandidos.

Em mais um dia de veículos incendiados espalhados pela cidade, mais de 450 homens - entre polícias Militar e Civil e fuzileiros da Marinha, com o apoio de blindados de guerra da força naval, tomaram a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Emissoras de tv mostraram, ao vivo, centenas de bandidos armados fugindo para comunidades vizinhas. Cenas históricas que mostraram a atual situação do Rio de Janeiro. Na sexta-feira 26 de novembro, o Exército e a Polícia Federal entraram na batalha.

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