Hosni Mubarak indica vice-presidente para o Egito pela primeira vez desde que assumiu poder, em 1981

Hosni Mubarak empossa Omar Suleiman vice-presidente do Egito - AP

CAIRO - Pressionado pelos protestos que há cinco dias sacodem as principais cidades do Egito, o ditador Hosni Mubarak indicou o chefe de segurança do seu governo para o cargo de vice-presidente. É a primeira vez em 30 anos, desde que ele assumiu o poder, em 1981, que o cargo é preenchido. Omar Suleiman foi empossado neste sábado. A medida é parte da estratégia do ditador para contornar a crise política que o país vive. Mais cedo, todos os ministros de Mubarak renunciaram. Ahmad Shafiq, designado o novo primeiro-ministro do país, recebeu de Mubarak a missão de formar um novo governo. Uma "importante reunião política" deve acontecer ainda hoje, informou a rede de TV Al Jazeera ( Cenas de guerra no Egito ).

As mudanças, no entanto, não parecem ter agradado os manifestantes, que voltaram a protestar nas ruas das principais cidades do Egito neste sábado . Novos confrontos com o Exército foram registrados nas ruas do Cairo, especialmente na praça Tahrir. Tiros teriam sido disparados contra manifestantes que tentavam invadir o Ministério do Interior e o Banco Central. Pelo menos três pessoas morreram. Segundo testemunhas, fortes enfrentamentos entre as forças de segurança e a população também foram registrados em Alexandria.

O número de mortos nos confrontos já passa de 40 e deve aumentar. Segundo fontes médicas ouvidas pela Reuters, dezenas de corpos foram levados para o hospital de El Damardash, no Cairo, esta manhã. Não há, no entanto, confirmação oficial. Ao menos 2 mil manifestantes ficaram feridos desde sexta-feira, alguns deles a bala, muitos em estado grave.

Para tentar conter a crise e evitar novos protestos, o toque de recolher foi estendido: de 16h às 8h. Pela TV Estatal, o Exército alertou que quem desrespeitasse a norma estaria em perigo.

El Baradei pede renúncia de Mubarak Manifestantes se reúnem nas ruas do Cairo - AP

Ganhador do Nobel da Paz e ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, um dos maiores nomes da oposição, exortou neste sábado o ditador Hosni Mubarak a deixar o poder. Segundo ele, o discurso do presidente foi "praticamente um insulto à inteligência das pessoas." El Baradei chegou na quinta-feira ao Cairo e foi posto sob prisão domiciliar .

As comunicações por telefonia celular, que tinham sido bloqueadas desde a manhã de sexta-feira, começaram a ser restabelecidas no país pouco depois das 10h (6h em Brasília) deste sábado. A rede, no entanto, ainda sofre problemas, provavelmente devido ao congestionamento das linhas. O acesso à internet, no entanto, continua restrito no país. Os telefones celulares e as redes sociais, como Facebook e Twitter, foram meios de comunicação essenciais para articular os protestos dos últimos dias.

Áudio: enviado especial relata clima no Cairo durante e depois dos protesto

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