O editor-chefe de A Tarde, Florisvaldo Matos, pediu demissão do jornal no início da noite desta quinta-feira (10). As informações dão conta que o jornalista, um dos mais antigos do quadro de A Tarde, não aprovou a demissão do repórter Aguirre Peixoto ocorrida na terça-feira (8). Ele teria sido pego de surpresa e queixou-se de não ter sido comunicado sobre a decisão.
"Informo aos prezados colegas que, em encontro cordial com os membros da Direção Executiva, apresentei a minha demissão do cargo de editor-chefe e o meu desligamento dos quadros da Empresa A TARDE, de forma inteiramente livre e espontânea", escreveu o professor aos jornalistas do periódico.
Após reunião entre direção do jornal A Tarde, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) e uma comissão da redação do periódico, na tarde desta quinta-feira, a equipe de jornalistas decidiu decretar estado de greve.
O jornal vive um clima de "guerra" desde a terça-feira (8), quando o repórter Aguirre Peixoto foi demitido por supostas pressões do setor imobiliário, insatisfeito com a série de reportagens produzidas pelo jornalista dando conta de irregularidades na implantação da Tecnovia, antigo Parque Tecnológico, do governo baiano, que está sendo construído na Avenida Paralela.
Entre as irregularidades apontadas, a devastação da Mata Atlântica, que gerou ações por parte do Ibama e do Ministério Público Federal.
A demissão causou uma reação por parte dos demais jornalistas que integram a equipe do periódico, que exigiam a readmissão do repórter Aguirre Peixoto, demitido de forma considerada arbitrária. Em protesto, a redação parou por duas horas e meia na tarde desta quarta-feira (9).
Em nota pública, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI), condenaram a atitude do jornal e manifestaram solidariedade ao jornalista.
De acordo com a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, o resultado da reunião levou a redação a decretar o estado de greve - que na prática significa que os empregados poderão fazer manifestações e paralizações sem sofrer sansões por parte da empresa - já que a direção de A Tarde mantém a posição de não readmitir o jornalista, uma das reinvindicações da redação.
A definição da linha editorial do jornal foi outra questão discutida. "Sem a uma linha definida, os jornalistas sentem-se inseguros e vulneráveis, pois podem ser alvo de posturas semelhantes a adotada no caso de Aguirre Peixoto", explicou Moura. Segundo ela, a direção de A Tarde informou que dentro em breve os funcionários conhecerão a linha editorial do jornal.
Em entrevista ao site Terra Magazine, Sílvio Simões, presidente e um dos herdeiros de A Tarde, negou que a demissão de Aguirre Peixoto tenha sido resultado de pressões do setor imobiliário. A direçao da empresa não reverteu a demissão do repórter.
Novos desligamentos poderão ocorrer, já que a empresa contratou duas consultorias para fazer um trabalho de "reengenharia" da empresa que estaria sendo preparada para ser administrada por profissionais de fora da família Simões.
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