Policiais recebiam até R$ 100 mil de propina para proteger tráfico

Policiais do Rio de Janeiro recebiam, cada um, até R$ 100 mil por mês de propina para proteger traficantes como Antonio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico nas favelas da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado.

A descoberta foi feita pela Polícia Federal, que nesta sexta realizou uma megaoperação para prisão de 45 policiais civis e militares, incluindo delegados.

Em meio a ações locais para ocupar morros para instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), ontem, a Polícia Federal mobilizou 380 agentes, que atuaram em conjunto com 200 agentes de forças estaduais, da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério Público Estadual.

Para aumentar o poder de alcance, foram empregados dois helicópteros e quatro lanchas na operação batizada de Guilhotina. Em lanchas, agentes fizeram buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias. A Justiça expediu outros 48 mandados de busca e apreensão.

Jogo duplo /A 22 Delegacia de Polícia (Penha) foi praticamente ocupada e fechada para cumprimento de mandados de busca e apreensão. Pelo menos três policiais dali tiveram mandados de prisão expedidos.

Os agentes da PF recolheram munição, celulares e agendas de policiais acusados. Os agentes vasculharam também a 17 Delegacia (São Cristóvão).

Os policiais acusados de fazer jogo duplo foram flagrados em escutas e e-mails informando aos criminosos ligados ao traficante Nem onde e quando a polícia realizaria operações nas favelas dominadas pelo bando.

Um dos vazamentos mais graves aconteceu em setembro de 2009, quando federais, em conjunto com a Secretaria de Segurança do Rio, montaram um cerco para prender o traficante conhecido como Roupinol, que atuava na favela da Rocinha junto com Nem. O bandido foi avisado por um membro da cúpula da polícia. Ninguém soube informar quem havia sido o traidor, mas as investigações da PF revelaram que era um braço-direito do chefe da Polícia Civil.

Agentes são acusados de vender armas para bandidos
O chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, prestou esclarecimentos ontem sobre o caso na sede da Polícia Federal. Ao falar com os jornalistas, ele comentou o fato de policiais civis terem prisão decretada. "Policial que pega arma e vende para bandido é pior do que bandido."

O grupo de policiais acusados estaria envolvido ainda em outras operações criminosas. Durante as investigações que começaram em 2009, os agentes federais descobriram que os policiais, ao invés de prender, costumavam roubar os traficantes.

Pelo menos nove policiais civis e militares foram flagrados saqueando bens, dinheiro e pertences de moradores e traficantes dos Complexos da Penha e do Alemão, recentemente ocupado para a implantação de uma UPP. O grupo estaria envolvido ainda com a segurança de pontos de jogos clandestinos (máquinas de caça-níqueis e bicho).
Um dos principais alvos da Operação Guilhotina, o delegado Carlos Antônio de Oliveira, se entregou no final da tarde de ontem. Ele ocupou o cargo de subchefe da Polícia Civil e ocupava atualmente a subsecretário de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop). Após as denúncias contra ele, a prefeitura disse que vai exonerá-lo. O delegado estava no cargo há pouco mais de um mês. Pela manhã, o chefe da polícia civil, o delegado Allan Turnowski, chegou a chamar Oliveira de traidor. www.diariosp.com.br

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