Rio - Se a década passada não terminou como os rubro-negros esperavam, a atual não poderia começar melhor. Num ano em que o clube teve uma reviravolta com diversas glórias em pouco tempo - como o título da Copa São Paulo de Juniores e o reconhecimento do título brasileiro de 1987 -, a mais empolgante acabou sendo a contratação de um craque reconhecido individualmente: Ronaldinho Gaúcho. Recebido por um tapete vermelho e preto na Gávea, e por uma mobilização de marketing nos bastidores, o meia ainda devia. Não deve mais.
Thiago Neves sofreu a falta que gerou o gol do título | Foto: André Mourão / Agência O Dia
O camisa 10 pode ainda não ter feito os adversários caírem diante de suas jogadas desconcertantes ou realizado lançamentos mágicos. Mas já pode se orgulhar de ter dado um título - mesmo que de primeiro turno - para a torcida que chamou de incomparável e disse ter um caso de amor. Com um gol de falta que lembrou os áureos tempos de Zico, histórico dono da 10 rubro-negra, Ronaldinho Gaúcho deu o primeiro troféu a uma equipe tida como promissora na Gávea. O placar magro de 1 a 0 vai contra a alegria de toda a Nação pela taça conquistada, a Guanabara. O Fla já pode dizer que é campeão em 2011.
O jogo:
Desde os primeiros minutos, a forma de jogo de cada time já se desenhava: enquanto o Flamengo procurava manter a bola no campo de ataque, o Boavista - considerado a zebra da final - mostrava-se cauteloso e com defesa aplicada.
Para tentar chegar ao gol adversário, o Rubro-Negro traçou uma estratégia bem clara. O time explorava muito as laterais do campo, com o argentino Dario Bottinelli caindo pela direita, enquanto Egído e Thiago Neves faziam tal papel para a esquerda. Ronaldinho fazia o papel de homem mais centralizado. Enquanto isso, o time do Boavista mostrava um pouco de afobação e fazia muitas faltas. Tanto que Leandro Chaves levou o primeiro cartão amarelo da decisão logo aos 8 minutos.
E o primeiro lance que empolgou os rubro-negros no Engenhão foi protagonizado pelos dois mais badalados da equipe: aos 9 minutos, Ronaldinho fez boa jogada pela ponta esquerda e cruzou para Thiago Neves no segundo pau. O meia cabeceou e o goleiro Thiago teve reflexo para impedir o gol. Pouco depois, um lance de mais perigo faria a torcida suspirar ainda mais Léo Moura recebeu passe de Thiago Neves dentro da área e chutou cruzado. A bola passou muito próximo da trave e saiu ao lado do gol
O time de Saquarema não conseguia sair para o jogo e tentava a ligação direta: chutões da defesa para o ataque, que em nada resultavam. O Fla continuava a insistir nas jogadas pelas laterais do campo, que já eram mais bem marcadas pela zaga do Boavista. Desta forma, o jogo ficou carente chutes a gol na parte final do primeiro tempo.
Mas aos 40, Bottinelli recebeu bela enfiada de Maldonado e cruzou para a área, forçando a saída de Thiago. O Boavista respondeu - sua primeira finalização - num lance inusitado. Maldonado tropeçou e não conseguiu receber passe de Willians. Então, Leandro Chaves ficou com a sobra na entrada da área e bateu forte, obrigando Felipe a fazer boa defesa.
A pressão ainda foi do Mengão. Depois de muitos cruzamentos para a área, a zaga do Boavista não soube afastar o perigo e Wellinton teve a chance de finalizar. Porém, o zagueiro mandou longe do gol.
Para tentar dar uma opção mais rápida ao ataque do Fla, Vanderlei Luxemburgo promoveu a entrada do xodó da torcida Negueba no lugar de Bottinelli. A primeira chance na etapa final veio dos pés de Renato. O meia soltou a bomba que está acostumado, mas a bola passou ao lado esquerdo do gol de Thiago. O suficiente para a Nação aumentar o volume do canto.
O Boavista continuava a mostrar agressividade e a cometer faltas para parar as jogadas. No entanto, a equipe de Saquarema também a passou a arriscar mais e, consequentemente, a rondar a área do Flamengo. Leandro Chaves continuava a ser boa opção nos chutes de média distância. Do outro lado, o jovem Negueba fazia jus aos gritos da torcida ao intervalo, que pedia a sua entrada. Pela direita, o garoto fez boa jogada e chutou ao lado da baliza.
O tempo passava e a pressão do Mengão crescia. Trocando passes na entrada da área, com um time mais ofensivo com a entrada de Diego Maurício, o time buscava o gol que evitaria a loteria dos pênaltis. Passados 26 minutos, o Boavista comete mais uma falta. Thiago Neves é derrubado, na entrada da área, local onde os mestres que já vestiram o número 10 do manto sagrado estavam acostumados a decidir. O novo dono do número místico preparou a bola, caminhou para a cobrança e bateu. Gol, golaço, digno de Zico e Petkovic. Mas quem assinava era Ronaldinho Gaúcho, que fazia um Engenhão pintado de vermelho e preto vibrar como nunca na história do Estádio Olímpico
Vanderlei Luxemburgo, que antes procurou o ataque, agora adotava a cautela. Thiago Neves saiu para entra o zagueiro Ronaldo Angelim. Pouco depois, o jogo esquentou. A serena equipe da Região dos Lagos ficava nervosa e logo viu seu artilheiro Frontini ser expulso.
Nos minutos finais, o Flamengo apenas controlava o jogo. O adversário, com um a menos e sem empolgação, já não tinha mais ímpeto para reagir. Bem que tentava e, por isso, o Rubro-Negro aguardava, desarmava e contra-atacava. Não houve chances de gol para nenhum dos lados. Só houve tempo da Nação Rubro-Negra para ouvir o apito final e comemorar o começo de ano perfeito.
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