Barracas de praia de Ipitanga são derrubadas após horas de impasse
















Após horas de impasse, a barraca Sol de Ipitanga, localizada na praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, foi derrubada na manhã desta terça-feira, 26. O estabelecimento foi o último a ser demolido na ação da prefeitura de Salvador que levou ao chão 35 barracas de praia, em cumprimento à determinação do juiz Carlos D'Ávila.

A derrubada aconteceu após ação da polícia, que teria jogado spray de pimenta na aglomeração de pessoas posicionadas no local impedindo a demolição da estrutura. Pessoas que estavam dentro do estabelecimento foram atingidas, incluindo crianças, o que gerou confusão e empurra-empurra.

A prefeita Moema Gramacho foi retirada à força da barraca, onde havia se posicionado desde o começo da manhã. Após a derrota nas negociações, Moema disse que "já que João Henrique mandou demolir a barraca, espero, ao menos, que ele consiga tirar os entulhos com rapidez, diferente do que aconteceu em Salvador. Espero que ele, pelo menos, reconstrua a orla de forma satisfatória", declarou.

Paula Pitta | Agência A Tarde


O delegado Wal Goulart negou que os policiais tenham usado spray de pimenta. Segundo ele, a orientação era justamente de que nada fosse utilizado contra os cidadãos que estavam no local. “Eu falei o tempo inteiro para a prefeita, para o deputado e para o superintendente da Sucom que eu estava ali para cumprir uma ordem judicial e que se não o fizesse, estaria infringindo a lei”, disse.

Já o superintendente da Sucom, Cláudio Silva, afirmou que foi obrigado a cumprir a determinação após comunicação de um oficial de justiça. Ele disse ainda que foi escoltado por dois policiais federais para que fosse possível proceder a demolição da última barraca.

A controvérsia se estabeleceu desde as primeiras horas da manhã porque a barraca estava localizada no final do trecho de demolições, nas imediações do kartódromo de Lauro de Freitas. Segundo a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, a área pertence ao município que administra, o que impossibilitaria a ordem de derrubada. A demolição foi acompanhada pela prefeita, pelo titular da Sucom, Cláudio Silva, pelas polícias Militar e Federal e pela Guarda Municipal de Salvador.


Paula Pitta | Agência A Tarde

Negociação - Ao longo da manhã, a prefeita Moema Gramacho afirmava que “a barraca foi notificada pelo juiz, mas está em território de Lauro de Freitas. O limite entre as duas cidades é uma pousada chamada Casa do Sol, a menos de 20 metros da barraca. Se as duas prefeituras reconhecem o local como limite, a barraca não pode ser demolida", declarou.

Para o titular da Superintendência de Conservação e Uso do Solo do Município de Salvador (Sucom), Cláudio Silva, o impasse se deu em relação ao limite territorial entre as duas cidades. Ele concorda que a barraca não fica na capital baiana. "A Superintendência do Patrimônio da União (SPU) sinalizou que está em território de Lauro. Se está lá, a Sucom prefere não demolir, mas teremos que derrubar, caso o juiz determine", disse.

Segundo Silva, o prefeito João Henrique entrou em contato com o governador a fim de pedir interferência quanto à decisão do juiz. Por outro lado, segundo o superintendente, a estrutura da barraca está deteriorada e pode trazer riscos à população se chegar a ruir por conta da chuva.

O delegado da Polícia Federal, Wal Goulart, havia afirmado que a ordem de derrubada incluía a Sol Ipitanga. "Com a celeuma, eu liguei para o juiz e ele confirmou que a barraca deve ser demolida. Caso não haja uma contraordem, ela também será derrubada. Se houver resistência, as pessoas serão retiradas do local", avisou o delegado antes da demolição da barraca.

Na região, estavam instaladas 42 barracas, das quais 35 foram demolidas hoje, já que as demais estão situadas em Lauro. Além dos técnicos da Sucom, cerca de 300 agentes estão no local, incluindo Polícia Militar, Polícia Federal e Guarda Municipal de Salvador.

Mudança – Das barracas que funcionavam na orla de Ipitanga, 22 serão transferidas temporariamente para um estacionamento em frente ao local onde ficavam as barracas, que já está sendo chamado de “Passarela do Caranguejo”. Para as demais, que ficam no trecho pertencente a Lauro de Freitas, permanecem os planos de criação do Polo Turístico e Esportivo de Lauro de Freitas, que deve ter obras iniciadas no mês de junho com previsão de conclusão em oito meses. A exploração do espaço será definida por meio de licitação pública.

De acordo com Carlos Fritsch, presidente da Associação dos Barraqueiros de Praia de Ipitanga, os comerciantes se manifestam silenciosamente, com um café da manhã. "Não temos o que reivindicar, já que conseguimos o que não foi possível em Salvador, que foi manter uma forma de subsistência", afirmou.

Dono da barraca Cabana Atlântica, primeira da orla de Ipitanga, Gildázio Ribeiro reclama que não pôde ficar no estacionamento, porque seu estabelecimento ficava na área de Salvador. "Consegui tirar boa parte dos equipamentos, mas algumas coisas ainda ficaram. Vou recomeçar, mas terei que alugar um local", disse.

Fritsch esclareceu que, como o espaço provisório para funcionamento das barracas montado pela Associação dos Barraqueiros e com apoio técnico da Prefeitura de Lauro de Freitas, só tinha capacidade para 22 boxes, a própria associação e o governo municipal conseguiram um novo espaço para outras sesis barracas, nas imediações do kartódromo.

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