Depois de show de Paul, trens do Rio voltam à rotina: calor, lotação e desorganização

Atenção, passageiros: os trens voltaram, nesta terça-feira, ao seu funcionamento normal. Infelizmente. Afinal, a estrutura montada no domingo e na segunda-feira para levar espectadores ao show do cantor Paul McCartney ao Engenhão — com trens extras, entradas exclusivas e ar-condicionado nos vagões — deixou a sensação de que só o usuário do dia a dia não merece ser bem tratado.

Nesta terça-feira, a rotina de descaso voltou: na hora do rush, vagões dentro dos quais não era possível sequer mexer os braços, tamanha a multidão; falta de informações nos terminais; pouquíssimos guardas para dar conta do quantitativo de passageiros; composições mal conservadas; e, em vez do ar condicionado, a velha e costumeira sauna.

Foi o que comprovou o EXTRA. Logo pela manhã, às 11h05, a reportagem pegou um trem do ramal de Japeri que saía da Central do Brasil. Destino da repórter: Engenho de Dentro, onde fica o estádio do Engenhão. No vagão, em vez do “fresquinho” proporcionado aos vips espectadores do cantor inglês, o jeito era aguentar o “quentinho” de um dia com temperatura de 31C lá fora e muitos graus a mais dentro do trem.

À noite, às 18h34m, novo show de descaso — que, no passado, teve até cenas de chicotadas em passageiros. Dez minutos antes de sair às 18h24m, um trem que sairia do ramal de Japeri já estava totalmente abarrotado. Na hora da saída, uma cena inusitada: uma mochila de um passageiro ficou do lado de fora, pensada entre as portas, de tão cheio que estava o vagão. Lá fora, os poucos guardas eram insuficientes para dar informações e ordenar as partidas.

— Cheguei às 17h. É sempre uma briga por lugar. Não brigo. Só vou no vagão quando ele tem banco livre. Hoje, são 18h25m e já deixei uns três trens partirem — diz o mecânico Gutemberg Pereira, de 25 anos.

No vagão, o repórter sequer conseguia mexer os braços. O calor era insuportável. A certa altura, a luz apagou — o que aconteceria duas outras vezes. Foi a senha para a piada: “olha o trem fantasma”.

— Na segunda, estava bom porque tinha trem especial. Se eles têm condições de melhorar o serviço em dia de show deveriam melhorar para o trabalhador — diz a doméstica Már$da Silva, de 40 anos.

Procurada, a Supervia informou que “tem como objetivo atender todos os seus usuários com segurança, pontualidade e conforto durante todo ano; que foi organizado um esquema especial em virtude da maior demanda de fluxo de passageiros para o show do Paul McCartney, sem comprometer a operação normal dos cinco ramais”

“Toda a nossa frota atual, composta por 160 trens, está continuamente à disposição de nossos clientes”. Estamos conscientes que o sistema precisa de melhorias e pedimos a compreensão dos nossos usuários para o fato de que a SuperVia é uma empresa em início de transformação. Em linha com esta premissa, a SuperVia e o Governo do Estado do Rio de Janeiro farão investimentos de R$ 2,4 bilhões para aperfeiçoamento da gestão e operação do sistema ferroviário. Dentre as melhorias, estão a aquisição de 120 novos trens, todos com ar condicionado, até 2015 - trinta deles já foram adquiridos e começam a operar no início de 2012 -, reforma e instalação de refrigeração em outros 73 trens de aço inox, implantação de um novo sistema de sinalização – que permitirá intervalos de 3 minutos no ramal Deodoro - melhorias na infraestrutura e nas 89 estações”, completa na nota a Supervia.www.extra.globo.com

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