O vocalista da banda de reggae Diamba, Eduardo Sepúlveda, o Duda, conta que, certa vez, foi entrevistado por um apresentador que exalava um mau cheiro enquanto falava. “Calculei o tempo das perguntas e respostas e alternei a respiração. Um verdadeiro treino de apneia”, lembra o cantor. Situações constrangedoras como esta acontecem cotidianamente, envolvendo os portadores de halitose, problema mais conhecido como mau hálito.
De acordo com a American Dental Association, cerca de 50% da população adulta mundial tem o problema, que é tratável e comumente associada à higiene oral deficiente. “É um transtorno que tem origem multifatorial, mas é causado, frequentemente, por problemas como a saburra lingual (acúmulo de bactérias e células descamadas) e pelas placas dentárias”, diz o especialista em periodontia social Urbino Tunes.
Ele diz que as causas bucais são responsáveis por 80% dos casos. A utilização de um limpador de língua (ou a escovação) é suficiente para retirar a suburra. “A língua deve ser limpa a cada escovação”, reitera Tunes.
O mau hálito também pode indicar que algo está errado com o organismo. “A halitose pode indicar que a doença causadora esteja avançando sem que a pessoa perceba”, adverte o especialista. Nos diabéticos, por exemplo, a halitose pode ser sinal do descontrole da glicemia.
Segundo Tunes, o problema também pode ter causas extrabucais, como doenças da orofaringe, broncopulmonares, digestivas, hepáticas, perturbações do sistema gastrointestinal, diabetes, tabagismo, intestino preso, estresse, entre outros. Também próteses mal adaptadas e restaurações defeituosas. Para Tunes, é importante que a situação seja exposta delicadamente à pessoa.
O problema mais grave que a halitose acarreta, contudo, não é biológico. O portador do mal geralmente sofre do que os médicos denominam de fadiga olfatória, quando a própria pessoa acostuma-se e é incapaz de sentir o mau cheiro. Com isso, é comum que quem tenha o problema sofra rejeição social. “É o melhor anticoncepcional que existe”, brinca Tunes, parodiando o comediante Millôr.
As maneiras de descobrir o problema são mesmo perguntar a alguém de confiança ou realizar uma avaliação do hálito em um dentista. Para quem não sabe como expor o problema a alguém que tenha mau hálito, o site (www.asbob.com.br) tem um serviço online (“clique mau hálito”) que se encarrega de enviar uma mensagem informando a qualquer pessoa que ela tem halitose, a partir da indicação de nome e e-mail.
Eventos - Para tratar desse e de outros temas, cerca 1.200 periodontistas de todo o mundo reúnem-se, a partir desta terça-feira, 24, no Congresso Brasileiro de Periodontologia. O evento segue até o dia 28, no Bahia Othon Palace Hotel (Ondina), paralelamente ao IX Congresso Internacional de Halitose.
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