Na véspera do seu julgamento pela Corte Arbitral do Esporte na Suíça, o treinador do Bahia reconhece que situação do atacante é difícil, mas defende a redução da pena afirmando que ele já mostrou que está recuperado e merece uma última chance no futebol
Uma das sensações deste início da Série A do Campeonato Brasileiro, artilheiro, com três gols, principal jogador do Bahia, e pela segunda vez eleito como um dos melhores atacantes da 5ª Rodada da 1ª Divisão, Jóbson é a “bola da vez” em todos os principais sites, programas esportivos e jornais do Brasil. Após a vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, sábado passado, todas as atenções estão voltadas para seu julgamento na CAS - Corte Arbitral do Esporte, nesta terça-feira, na Suíça.
A CAS vai julgar a redução de pena imposta pelo STJD – Superior Tribuna de Justiça Desportiva da CBF, no Rio de Janeiro, de dois anos para seis meses, que já foi cumprida pelo jogador, ou piorar a sua situação. Jobson foi pego no doping (apontou o uso de cocaína) durante o Campeonato Brasileiro de 2009, jogando pelo Botafogo do Rio de Janeiro, e depois admitiu ter usado droga, mas o crack.
Após a audiência, a Corte Arbitral do Esporte terá 60 dias para divulgar sua decisão final, e enquanto ela não for promulgada, divulgada, Jóbson vai continuar disputando a Série A do Brasileiro pelo Bahia. Mesmo com todo o problema, o técnico René Simões acha que seria mais justo dar uma chance para o atacante, que vem sendo monitorado no clube.
“Quando teve o caso, as pessoas defendiam uma punição para ele. Realmente teve um postura errada, mas, se formos pensar assim, quanta gente no Brasil deveria ser punida por isso? Acho que se poderia dar uma última chance, com uma pena mais dura em caso de nova conduta irregular. Ele já pagou pelo que fez e está sendo monitorado, acompanhado por todos nós. Torço para que ele continue conosco, pois é um ser humano maravilhoso, que cometeu um erro, como muitos outros cometem”, disse o técnico do Bahia, Renê Simões, em entrevista ao site da UOL.
Jóbson não voltou a Salvador com a delegação do Bahia após o triunfo de sábado sobre o Fluminense. Ele ficou no Rio de Janeiro, e viajou ontem, acompanhado dos seus advogados, para participar do julgamento do seu recurso de redução de pena, na Suiíça.
Bahia corre sério risco de perder seu artilheiro
Desde que foi julgado e suspenso por dois anos pelo STJD da CBF, por uso de cocaína, o atacante Jóbson voltou a jogar graças ao recurso que entrou junto ao CAS – Corte Arbitral do Esporte, que suspendeu a pena inicial por seis meses. O julgamento de hoje vai decidir se o cumprimento de seis meses da pena é o suficiente, ou se o jogador terá que cumprir ainda mais um ano e seis meses de punição, afastado do futebol.
Se vier a ser punido pelo CAS, Jóbson continuará jogando pelo Bahia enquanto não sair o resultado do julgamento, que no caso, não cabe mais recurso. Dentro do prazo de 60 dias, contando a partir da 6ª rodada, o time tricolor poderá contar com seu artilheiro em até 10 jogos, ou seja, praticamente a primeira fase da Série A do Campeonato Brasileiro, ou até menos, se o CAS punir o jogador e divulgar sua decisão num curto espaço de tempo.
Por enquanto, numa previsão otimista, o Bahia sabe que pode contar com Jóbson, pelo menos, para os jogos contra o Atlético Paranaense, em Curitiba, Corinthians em Salvador; Avaí, em Santa Catarina, Botafogo do Rio, em Salvador, e Cruzeiro, em Minas Gerais, dentro do calendário tricolor para os próximos 30 dias na Série A do Brasileiro, ou seja, a metade da primeira fase.
A cronologia da droga na carreira do jogador
No dia 19 de janeiro de 2010 o atacante Jóbson, de 21 anos, foi suspenso por dois anos por uso de cocaína. Flagrado no exame antidoping nos dias 8 de novembro e 6 de dezembro por uso de cocaína, ele disse durante o julgamento, que na verdade usou crack, um derivado da cocaína. O jogador foi julgado pela 2ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com base no código da Agência Mundial de Antidopagem.
No dia 30 de abril deste ano, num julgamento que teve votos diferentes de todos os auditores, coube ao presidente da Segunda Comissão Disciplinar do STJD, José Mauro Coto, decidir pela redução da pena de suspensão aplicada ao atacante Jobson para seis meses, viabilizando sua volta ao futebol, agora, pelo Bahia.
Mas em janeiro deste ano, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) enviou à CBF uma notificação de reabertura do caso de doping envolvendo o atacante Jóbson. A entidade vai julgar um recurso da Agência Mundial Antidoping (Wada), que pede a ampliação da suspensão pelos exames positivos após as partidas contra Coritiba e Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2009.
Jobson foi flagrado pela primeira vez no exame antidoping no dia 8 de novembro, quando o Botafogo derrotou o Coritiba por 2 a 0, no Engenhão. A CBF solicitou a contraprova, que confirmou a presença de cocaína na urina do jogador. A notícia foi divulgada apenas depois que o atacante foi submetido a um novo exame, em 6 de dezembro, após o Alvinegro derrotar o Palmeiras por 2 a 1, na última rodada do Brasileirão. Àquela altura, mais precisamente no dia 17, ele já havia sido suspenso preventivamente por 30 dias pelo STJD, e a segunda coleta também apontou traços da droga. Uma nova contraprova não foi realizada, uma vez que a CBF não fez a solicitação.
Em Salvador, uma forte corrente de fé
Jóbson viajou para a Suíça acompanhado dos seus advogados, mas com a certeza de que toda uma nação tricolor estará com ele no julgamento desta terça-feira na Corte Arbitral do Esporte (CAS). Ainda no Brasil, no final do jogo contra o Fluminense, no Rio, o artilheiro recebeu o apoio de todo o grupo do Bahia, com mensagens de apoio e o desejo de sua absolvição.
Após a partida contra o Fluminense, os jogadores do Bahia se uniram e fizeram uma oração no vestiário do Estádio Engenhão, e dedicaram o resultado de 1 a 0 sobre os cariocas ao atacante Jóbson, que não conseguiu segurar a emoção, chorando bastante, botando pra fora toda a sua angústica e tensão.
"Estou nervoso sim, mas feliz com o apoio de tudo e de todos. Vai dar tudo certo. Deixei nas mãos de Deus", disse o atacante, chorando muito entre os abraços de conforto dos companheiros.
"O Jóbson é menino ótimo, brincalhão e está feliz aqui no Bahia. Todos nós oramos, mandando boas energias para este julgamento. Espero que eles entendam que o Jóbson precisa continuar jogando para ser feliz, fazendo a alegria de muita gente", disse o zagueiro Titi.
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