Vereador quer plantar maconha em casa

Cristiano Alves da Silva (PMN) assume fumar há 20 anos
Cristiano Alves da Silva (PMN) assume fumar há 20 anos

Após assumir publicamente que fuma maconha, defender a descriminalização e de exaltar a qualidade da erva plantada no sertão baiano, o vereador de Medeiros Neto (893 km de Salvador), extremo sul do Estado, Cristiano Alves da Silva (PMN), o Pintão, quer que todo usuário tenha o direito a cultivar a planta em casa. “É uma forma de combater o tráfico, pode reduzir o crime”, argumenta o parlamentar, que pretende participar da próxima marcha da maconha em Salvador – ainda sem data prevista.

Pintão, que assumiu ser usuário de maconha numa sessão realizada em maio deste ano na Câmara de Vereadores, em meio a um debate sobre a atuação da Polícia Militar na cidade, observa que em países como Argentina e Suíça o cultivo doméstico já é permitido. “Eles (os usuários) já podem lá fazer seus plantios em suas residências. E isso é até bom também pra saúde de quem fuma, pois os traficantes não estão preocupados com qualidade, colocam química na maconha, o que prejudica, fica ruim”, declarou.

O verador aplaude a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a marcha da maconha e espera que novas decisões - como a liberação do plantio em casa, do uso da maconha para fins medicinais e religiosos - também sejam implementadas, fazendo, como cita, prevalecer a “fumaça do bom direito”, tradução da expressão latina "fumus boni iuris", quando existe a possibilidade de que o direito pleiteado seja concreto.

Três por dia - “Estou planejando ir pra próxima marcha em Salvador, a Marcha da Liberdade de Expressão, e fui convidado pelo curso de história da Universidade Federal da Bahia [Ufba] para participar de uma mesa-redonda, para discutir a descriminalização da maconha”, informou Pintão, que está no sétimo período do curso de direito e já fez trabalhos acadêmicos nos quais defende a erva.

Pintão, que está sem seu terceiro mandado como vereador, foi presidente da Casa no biênio 2009-2010, é 1º Secretário da União dos Vereadores da Bahia (UVB) e membro da Rede Nordestina de Jovens Vereadores (RNJV), afirma fumar maconha há mais de 20 anos e diz que costuma ascender um baseado de manhã cedo, outro ao meio dia e mais um à tardezinha.

Mas o parlamentar acha que o debate mesmo tem é de ser feito no Senado e na Câmara federal. “Os políticos têm de puxar o assunto”, comenta. “Estou sempre aberto ao debate e para defender que o usuário não é criminoso. Eu mesmo sou uma prova que o usuário pode ocupar cargo público ou fazer qualquer atividade. Nunca tive problema de saúde por causa da erva. Tenho um irmão de 55 anos que também usa e nunca teve”, completou.

O verador ressalta, porém, que não é pelo fato de ele não ter tido problema que estaria fazendo a defesa de que maconha não faz mal: “Tudo em excesso faz. Ela é menos nociva que o álcool e o cigarro, por exemplo”.

O vereador declarou que, depois de ter assumido na sessão da Câmara de Medeiros Neto que é usuário, tem sofrido com o preconceito na cidade, cuja população está em 21.560, segundo dados do senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A cidade é muito pequena e há muitas pessoas que não têm um argumento sequer pra fazer um debate. São contra por ser droga e acabou”, disse o vereador, que tem sua base eleitoral no distrito de Itapeva.

A TARDE não conseguiu localizar o presidente da Câmara de Medeiros Neto, vereador Ney Freire Costa (PHS). O prefeito de Medeiros Neto, Adalberto Alves Pinto (PHS), que tem Pintão como um dos vereadores da sua base de apoio, declarou que é radicalmente contra o uso de maconha. “Eu já falei com ele: isso pra mim é uma doença, ele tem de se tratar, é uma doença, tem de ser internado”, disse.

O delegado da cidade, Kléber Guimarães, informou que chegou a apurar se no dia da sessão da Câmara que Pintão assumiu ser usuário de droga se ele teria feito apologia, e constatou que isso não ocorreu. “Tivemos acesso a ata do dia da sessão, onde ele assume, mas não defende o uso e nem que maconha é bom. Diante disso, nem chegamos a abri inquérito”, afirmou

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