SALMO 63.1 Ó Deus, tu és o meu Deus; procuro estar na tua presença. Todo o meu ser deseja estar contigo; eu tenho sede de ti como uma terra cansada, seca e sem água.
Quando optamos em viver uma espiritualidade desértica, significa nos expor totalmente, não a homens e instituições, mas expor por completos ao Grande Criador. Pois quanto mais nos aproximamos de Deus mais nossa insignificância vem à tona e nos toma como um todo. Assim descobrimos que necessitamos cada vez mais de Deus para nos santificar.
Quando tiramos as capas e pararmos de esconder os nossos pecados atrás dos arbustos da vida religiosa, e clamarmos pela a verdadeira água da vida, como beduínos no deserto, como uma terra cansada, seca e sem água. Teremos assim um rico e frutífero encontro com Deus, que chorará os nossos choros e rirá e brindará conosco a alegria da vida.
Precisamos voltar a ter intimidade com o Deus transcendental, que quer e se faz precisar de nos, da nossa companhia. Assim como Jesus chamou os discípulos no Getsêmani para orarem com ele, Deus nos convida para momentos de intimidade de diálogo com Ele. Mas as muitas atividades diárias dos discípulos impediram o acontecimento daquele momento, passamos hoje dia após dia exausto com os nossos afazeres que não temos mais tempo para o Senhor do tempo.
Jesus nos convida constantemente para conversarmos, para abrirmos mão de nossa “reza” religiosa, das nossas repetições enfadonhas, da oração decorada e gravada no subconsciente. E passarmos para outro nível, o nível da amizade, da intimidade, do ficar calado sem dizer nada um para o outro, mas se fartando da presença do mestre da plenitude.
Quando optamos pela espiritualidade do deserto nos rasgamos espiritualmente, expomos os nossos pecados e desejos ocultos, para que assim recebamos o refrigério do senhor, a sua misericórdia e o milagre da aceitação e da transformação. Pois é impossível permanecer indiferente a presença do Senhor, somos quebrados, desfeitos e refeitos pelo oleiro do universo. E assim refeitos e cheios da sua maravilhosa graça.
Mas para conseguirmos chegar a esta intimidade precisamos querer, não por que algum guru evangélico mandou fazer, mas simplesmente por que queremos desfrutar da presença de Deus. Para isso temos que buscar meditar na lei do Senhor, ler e reler (mastigar), meditar o ontem e o hoje da Palavra do Senhor para as nossas vidas (degustar), orar a palavra lida e meditada (engolir) e nutrir desta palavra para a vida cotidiana, o que chamamos de contemplação viva ao Deus Vivo, fazendo uso da Palavra nas nossas atitudes na vida, assim estaremos contemplando, adorando em espírito e verdade ao Deus da Vida através de nossa vida.
Quando encontramos com Deus na solidão do deserto, somos transformados em seres transformadores, tanto para a família, como para toda a sociedade. Mas este encontro deve ser reservado e particular, neste encontro não terá holofotes, nem fundos musicais que emocionam, neste encontro não deve ter gritos e sim gemidos da alma renascente. Na verdade este encontro á foi marcado no seu quarto por Jesus, mas pode também ocorrer no alto da montanha como aconteceu com Moisés que teve um encontro face a face com Deus, ou mesmo no deserto da purificação do povo de Israel.
Não importa o lugar, importa o encontro, e os encontrantes. Que Deus possa nos conduzir a uma verdadeira espiritualidade desértica.
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