SALVADOR – O Grupo Gay da Bahia (GGB) pretende realizar em outubro uma exposição de fotos, documentos e depoimentos documentando a homofobia em Cuba. A entidade dispõe de inúmeras cartas de gays cubanos, recebidas nos últimos 30 anos, em que se denuncia perseguições e “a busca avidamente de um companheiro no Brasil para fugir do inferno que ainda hoje representa ser homossexual num país que não aprendeu a lição de Che Guevara: 'Hay que endurecer, sem perder jamais a ternura'”, diz trecho de nota divulgada nessa quarta, na capital baiana.
Nem mesmo o lendário Guevara é poupado pelos ativistas. Conforme o fundador do GGB, antropólogo Luiz Mott, “consta que o próprio Guevara, ao encontrar na Biblioteca da Embaixada Cubana em Argel, a obra Teatro Completo de Virgilio Piñera, homossexual assumido, jogou o livro na parede, dizendo: 'como vocês têm na nossa embaixada o livro de um ‘pajaro maricon’!” o sinônimo cubano para veado”.
Contudo, o principal alvo dessa nova campanha da entidade é o “comandante” Fidel Castro. Mott considera insuficiente a declaração de Fidel em setembro de 2010 assumindo ser "responsável último" pela perseguição aos homossexuais praticada pelo seu governo. Desde 1981 o GGB denuncia a suposta homofobia estatal de Cuba. A entidade “exige” que Fidel antes de morrer, “peça desculpas publicamente, como fez o Imperador do Japão em relação aos Coreanos”. Isso pelo fato de, argumenta o ativista, “em 1992 Fidel mentiu ao declarar: 'Nunca promovi políticas contra homossexuais'”
Conforme o GGB, calcula-se que mais de 10 mil gays e travestis foram expulsos de Cuba na primeira década da revolução e de acordo com os informes da Fundación Reinaldo Arenas, entre 2007-2008 mais de 7 mil gays foram autuados pela Polícia Nacional Revolucionária. Ainda em 2010 mais de 700 gays foram detidos, segundo denuncia o ativista cubano Aliomar Janjaque.
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