Insegurança esvazia parques públicos de Salvador

No parque da cidade, frequentadores só brincam e passeiam na área que vai até o antiteatro
No parque da cidade, frequentadores só brincam e passeiam na área que vai até o antiteatro

Patrimônios comunitários e redutos de área verde em Salvador, os cinco maiores parques da capital – Pituaçu, São Bartolomeu, Abaeté, da Cidade e Dique do Tororó – estão subutilizados por não oferecerem a segurança devida aos frequentadores. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Estado, que responde pelo policiamento nesses locais, não há dados específicos referentes às ocorrências registradas nestas áreas, mas os relatos de violência mostram porque os soteropolitanos se afastaram destes lugares públicos.

“Parei de usar a ciclovia depois que um amigo foi assaltado e, daqui a pouco, já vou, porque aqui fica perigoso”, contou o vigilante Fábio Reis, 29, enquanto assistia o pôr do sol com a namorada na lagoa do Parque de Pituaçu.

As áreas verdes e com menor fluxo de pessoas também são evitadas no Parque da Cidade. “Até o anfiteatro é bem monitorado, mas dali em diante, é cada um por si”, diz o eletricista João Alves Saturnino, 57, referindo-se ao trecho de mata que vai até o portão de divisa com as comunidades de Santa Cruz, Boqueirão, Areal e Nordeste de Amaralina. Um policial militar que não quis se identificar confirma: “As trilhas no meio das árvores são rota de fuga de bandidos, nelas é comum achar documentos e carteiras deixadas por eles”.

No Parque do Abaeté, a iluminação precária espanta o público depois das 18h. “Há um ano estamos solicitando novas lâmpadas, mas não se resolveu. Por conta disso, encerramos o baba mais cedo”, explica o ambulante Edson Paraíba, 50.

Com menos esconderijos naturais, o Dique do Tororó é bastante utilizado por quem faz caminhadas tanto pela manhã ou à noite. Porém, a área não está livre de assaltos e outros crimes. De dezembro de 2010 até agora, três corpos foram encontrados no espelho d’água do Parque.

Nos quatro locais, administrados pela prefeitura, Instituto do Meio Ambiente (Inema) e Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), respectivamente, a situação é a mesma: a segurança pública está dissociada dos gestores, sendo de responsabilidade da Polícia Militar (PM). “O poder público virou as costas para estes espaços”, opina o arquiteto, urbanista e professor da Uneb, André Santos.

Abandono - O que apresenta o pior estado é o Parque São Bartolomeu. Palco da Batalha de Pirajá na luta da Independência do Brasil, em 1822, a área de 1.550 hectares de mata atlântica foi abandonada pelo poder público e tomada pelas invasões. O sítio histórico também é usado por assaltantes e traficantes de drogas, que fazem do lugar território sem lei. “Já perdi as contas de quantos corpos encontramos aí dentro, não aconselho ninguém a entrar, é muito perigoso”, diz o sargento da Polícia Militar (PM), Paulo Brandão, que atua na área há nove anos.

A prefeitura, que responde pelo parque, alega que o policiamento é função do Estado. Em relação às ocupações irregulares e um outro problema grave em São Bartolomeu, a poluição, o assessor-chefe de Estratégia e Gestão da Superintendência do Meio Ambiente de Salvador, Adalberto Bulhões, afirma que o “cenário de abandono” vai mudar. Segundo Bulhões, um projeto de requalificação do parque, financiado pelo Banco Mundial, está em fase de finalização. “Vamos retirar famílias que moram na área de nascentes da Bacia do Cobre, melhorar as trilhas, recuperar e instalar novos equipamentos, além de refazer o paisagismo”, garantiu.

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