BR-101 é fechada durante protesto em Eunápolis

Uma manifestação organizada por motoristas de veículos que fazem transporte no extremo sul da Bahia fechou a BR-101 na manhã desta terça-feira, 06, no trecho urbano de Eunápolis, a 643 km de Salvador. Cerca de 50 pessoas, com faixas e cartazes, estavam presentes no protesto, que durou cerca de uma hora e meia e teve como alvo uma suposta perseguição que a Agência de Regulação de Serviços Públicos de Energia Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) vem fazendo a motoristas. O órgão diz que realiza apenas o trabalho de fiscalização.

Devido à manifestação, houve congestionamento, sobretudo de carretas, de pelo menos 3 km nos dois sentidos da rodovia. Os manifestantes colocaram pneus nos acessos da rodovia. Durante a manifestação, a Polícia Rodoviária Federal esteve presente, e não houve conflito.

O 1º secretário da Associação de Transporte Alternativo de Extremo Sul da Bahia, Gutemberg Stolze, reclama que as abordagens feitas pelos agentes da Agerba são “desrespeitosas”: “Eles chegam e mandam todo mundo do carro descer e levam o veículo embora. Pode ser mulher, idoso, criança – um desrespeito total”.

Segundo Stolze, as multas têm sido aplicadas em valores que ultrapassam R$ 1 mil. Os motoristas querem que o Estado abra licitação pra o setor, conforme lei 11.378/09. “Dos mais de oito mil veículos que fazem esse transporte no Estado, pelo menos 40% deles já estão regularizados. Queremos que nos atendam e possam nos dar uma resposta sobre este assunto”, afirmou Gutemberg Stolze. O secretário da Associação criticou a falta de fiscalização aos ônibus de transporte intermunicipal, que, segundo ele, “vivem lotados de passageiros, e ninguém faz nada”.

Os motoristas falaram ainda sobre um possível beneficiamento ao deputado estadual Ronaldo Carletto (PP), dono da Expresso Brasileiro, empresa de ônibus intermunicipal que atua na região.

No final de 2009, escutas telefônicas da Operação Expresso, feita pela Polícia Civil e que visava combater a corrupção na concessão ilegal de linhas de ônibus na Bahia, apontaram que Carletto participava de acertos para as transferências ilegais de concessões de linhas intermunicipais para empresas de sua família.

Um irmão dele, Paulo Carletto, sócio de outra empresa de ônibus, a Rota Transportes, chegou a ser preso durante a operação. Na ocasião, ficou demonstrado o pagamento de propina de R$ 400 mil para que a Agerba liberasse uma venda irregular de linhas de ônibus. Procurada, a assessoria de imprensa de Ronaldo Carletto informou que “nunca se provou nada contra o deputado”.

Fiscal da Agerba em Eunápolis, Antônio Alves dos Santos Júnior disse que estão sendo aplicadas, por mês, cerca de 50 multas a motoristas que ainda estão na ilegalidade. Segundo Santos, os agentes têm aplicado mensalmente entre 20 e 30 multas a ônibus, por diversas irregularidades. As multas, disse o fiscal, variam de R$ 800 a R$ 2.558,80.

Sobre a licitação para o transporte alternativo na região, o diretor de Fiscalização da Agerba, Guilherme Bonfim, informou que o procedimento deve ser realizado até o próximo dia 15. “Já estamos com a proposta feita para avaliação”, garantiu. Bonfim também negou supostas interferências do deputado Ronaldo Carletto. “Isso não existe, todo mundo é fiscalizado”, rebateu.

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