Uma equipe de pesquisadores espanhóis criou um protótipo de vacina contra o HIV "muito mais potente"
que os desenvolvidos até agora ao redor do mundo e que conseguiu uma
resposta imune para 90% das pessoas sadias que foram expostas ao vírus.
A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira, 28, em entrevista coletiva pelos responsáveis
pela pesquisa, Mariano Esteban, do Centro Nacional de Biotecnologia do
Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC); Felipe
García, do Hospital Clínic de Barcelona, e Juan Carlos López Bernaldo de
Quirós, do Hospital Gregorio Marañón de Madri.
Após manifestarem uma grande eficácia em ratos e macacos, os testes
começaram a ser aplicados em seres humanos há cerca de um ano. Nesta
primeira fase, a vacina foi aplicada em 30 pessoas sadias, escolhidas
entre 370 voluntários.
Durante o teste, seis pessoas receberam placebo e 24 a vacina. Estas
últimas apresentaram "poucos" e "leves" efeitos secundários (cefaleias,
dor na zona da injeção e mal-estar geral). Por isso, é possível afirmar
que "a vacina é segura para continuar com o desenvolvimento clínico do produto", ressaltou Quirós.
Em 95% dos pacientes, a vacina gerou defesa (normalmente atinge 25%) e,
enquanto outras vacinas estimulam células ou anticorpos, este novo
protótipo "conseguiu estimular ambos", destacou Felipe García. Para
completar, em 85% dos pacientes as defesas geradas se mantiveram durante
pelo menos um ano, "que neste campo significa bastante tempo",
acrescentou.
Na próxima etapa, os pesquisadores realizarão um novo teste clínico,
desta vez com voluntários infectados pelo HIV. O objetivo é saber se o
composto, além de prevenir, pode servir para tratar a doença.
"Já provamos que a vacina pode ser preventiva. Em outubro, vacinaremos
pessoas infectadas com HIV para ver se serve para curar. Geralmente, os
tratamentos antirretrovirais (combinação de três remédios) devem ser
tomados rigorosamente, algo insustentável em lugares tão afetados pela
Aids como a África", apontou García.
O protótipo da vacina, batizado como MVA-B, recebe o nome do vírus
Vaccinia Modificado Ankara (MVA, na sigla em inglês), um vírus atenuado
que serve como modelo na pesquisa de múltiplas vacinas
Até agora, o único teste de vacina contra o HIV que chegou à terceira
fase foi realizado na Tailândia. As duas primeiras fases testam a
toxicidade do composto e sua eficácia, enquanto a terceira e a quarta
examinam a posologia do remédio.
O protótipo da vacina, patenteado pelo CSIC espanhol, está sendo
elaborado para combater o subtipo B do vírus da Aids, de maior
prevalência na Europa, Estados Unidos, América Central e do Sul, além do
Caribe. Na África e Ásia, o vírus mais comum é o subtipo C.
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