O assassinato da juíza Patrícia Acioli — morta com 21 tiros em 11 de
agosto deste ano — teria sido motivado pela redução na entrada de
dinheiro do tráfico num círculo de PMs do 7º BPM (São Gonçalo). Entre
eles, o tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante da
unidade, preso ontem por envolvimento no homicídio. A denúncia foi
feita pelo cabo X., um dos policiais presos pela execução da magistrada.
Em
depoimento dado à Justiça e ao Ministério Público, na tarde de
anteontem, o cabo denunciou um esquema de propina envolvendo nove
policiais do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM e o tenente-coronel
Claudio Oliveira — que, até ontem, comandava o 22º BPM (Maré). Ele
afirmou que os policiais recebiam de R$ 10 mil a R$ 12 mil por semana do
tráfico de drogas de comunidades de São Gonçalo. Por causa das prisões
de PMs decretadas por Patrícia Acioli, o espólio estaria diminuindo, o
que levou à execução da juíza.
Ainda segundo o depoimento, eram
feitas operações frequentes principalmente nos morros da Coruja e do
Salgueiro. Nos locais, traficantes eram presos, e armas e drogas,
apreendidas. O dinheiro achado com os bandidos era dividido entre os
PMs, incluindo o comandante. O tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes,
um dos presos pela morte da magistrada, seria o responsável pelo repasse
da verba.
Segundo a versão, as armas usadas na execução eram
espólio de guerra. Uma delas, calibre 40, teria sido apreendida no Morro
da Coruja.
No depoimento prestado ao juiz Peterson Barroso Simão,
aos promotores Leandro Navega e Rubem Viana, e aos defensores Jorge
Mesquita e Carlos Felipe, o cabo X. deu detalhes sobre o planejamento e
as motivações para a execução da juíza Patrícia Acioli.
O PM — que
contou tudo para obter direito à delação premiada e à redução de até
dois terços da pena — confirmou que os policiais foram duas vezes ao
local do crime, na Rua dos Corais, em Piratininga, Niterói. Eles
estudaram os horários e hábitos de Patrícia e planejaram o crime.
De
acordo com o depoimento, que durou mais de duas horas, depois de sair
do Fórum de São Gonçalo a juíza Patrícia Acioli foi seguida até em casa
por uma moto, onde estavam o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Daniel
Benitez. O tenente teria adquirido a moto usada na emboscada contra
Patrícia. Já o cabo Jefferson de Araújo Miranda estaria em um Palio
vermelho, dando cobertura. O carro foi incendiado depois do crime. X.
apontou ainda o envolvimento de um policial do 12º BPM (Niterói).
Após
o depoimento do cabo, o tenente-coronel Claudio Luiz e outros seis PMs —
Charles de Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Carlos Adílio Maciel
Santos, Sammy dos Santos Quintanilha, Jovanis Falcão Júnior e Júnior
Cezar de Medeiros — tiveram a prisão temporária decretada.
Os
cinco primeiros, além de Sérgio, Daniel e Jefferson já estavam presos
pela morte de Diego da Conceição Beline, de 18 anos, em 3 de junho. Eles
tiveram a prisão decretada por Patrícia horas antes da morte da
magistrada.FONTE :EXTRA
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