Ministro do Turismo é o quinto a cair

Caiu o quinto ministro do governo Dilma Rousseff (PT). Por volta das 18h15 de ontem, Pedro Novais (PMDB-MA) entregou sua carta de demissão do cargo de chefe do Ministério do Turismo à presidente petista. Poucos minutos depois, a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, confirmou que Dilma aceitou o pedido. O substituo de Pedro Novais deve sair das hostes do PMDB na Câmara Federal. Ainda ontem, mais cedo, líderes como Franco Moreira e o baiano Geddel Vieira Lima foram cotados pela imprensa nacional.
“Fico muito feliz por saber que meu nome é cotado para assumir um ministério, mas é só especulação. Não tem nada disso”, negou Geddel em entrevista à Tribuna. “Estou muito satisfeito como estou”, completou. Geddel foi ministro da Integração Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atualmente é o vice-presidente da Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
O ex-ministro Pedro Novais ainda tentou bater pé firme e permanecer no cargo enquanto responderia às denúncias de irregularidades na pasta, mas o partido lhe negou apoio. O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp, chegou a dizer ontem, antes da demissão de Novais, que a legenda não poderia se comprometer por conta de uma pessoa.
Antes de entregar a carta à Dilma, Novais estava reunido na vice-presidência da República com Michel Temer (PMDB) e com o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Alves. No momento do encontro com Dilma, o ex-ministro chegou acompanhado por Temer e demorou menos de cinco minutos no gabinete da chefe da nação. O vice-presidente permaneceu lá.
O deputado Henrique Eduardo Alves afirmou ainda que o partido não entregou à presidente Dilma uma lista de nomes especificamente indicados para substituir Novais.
“São 79 nomes [os dos deputados da bancada do PMDB] para escolher. Dilma vai definir o nome até amanhã (hoje)”, disse. Segundo ele, não haverá consulta aos membros do partido no Senado. “A pasta do Turismo é indicação da bancada da Câmara”, afirmou o líder. Os mais cotados são os deputados federais Manoel Junior (PMDB-PB) e Marcelo de Castro (PMDB-PI). Há rumores de que Castro não seria o mais indicado por sofrer resistências no governo.

Demissão era questão de tempo

A situação do ex-ministro Pedro Novais se complicou depois que a Folha de São Paulo publicou denúncias de mau uso de dinheiro público. Segundo o jornal, Novais pagou durante sete anos o salário da governanta de sua casa com recursos da Câmara Federal, de onde ele se licenciou na atual legislatura para assumir o Ministério do Turismo. Outra denúncia contra o peemedebista é a de que sua esposa utiliza atualmente como motorista particular um funcionário do gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), que não trabalha na Câmara.
Pedro Novais começou a ficar na mira da imprensa, na verdade, desde agosto passado, quando a Operação Voucher, da Polícia Federal, prendeu 37 pessoas no Ministério do Turismo, incluindo o então secretário-executivo da pasta, Frederico Costa.
Outro assunto que veio à tona nesta semana foi publicação do jornal O Estado de São Paulo, em dezembro de 2010, logo após a nomeação de Novais ao cargo ainda no governo Lula, de que o ex-ministro usou R$ 2.156 da sua cota parlamentar (ainda era deputado) para pagar despesas de um motel em São Luís, no Maranhão, em junho do ano passado.
No mesmo mês, a Folha também mostrou que o peemedebista foi flagrado em escutas da Polícia Federal pedindo ao empresário Fernando Sarney que beneficiasse um aliado na Justiça Federal.
A oposição na Câmara promete acionar o Conselho de Ética da Casa com denúncias contra Novais e Francisco Escórcio por quebra de decoro parlamentar. O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, já anunciou que o Ministério Público Federal vai investigar a denúncia de pagamento indevido à governanta.

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