Apontado como um dos mais perigosos integrantes da milícia Liga da Justiça, o ex-policial militar Carlos Ary Ribeiro, o Carlão, fugiu na madrugada de hoje do Batalhão Especial Prisional (BEP), no Rio de Janeiro, menos de 24 horas após o início da Operação Pandora, promovida pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio contra o mesmo grupo paramilitar. A Corregedoria da PM instaurou inquérito e determinou a prisão do oficial do dia, considerado conivente com a fuga.
Carlão foi um dos 18 denunciados ontem por formação de quadrilha armada pelo Ministério Público do Rio. De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o ex-cabo da PM "é um dos mais virulentos homicidas a integrar as hostes da quadrilha. É o responsável pela perpetração de incontáveis assassinatos na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro em prol da malta".
Ainda segundo a denúncia, mesmo antes de fugir, Carlão havia transformado sua cela no BEP em uma espécie de escritório da Liga da Justiça. De lá, ele e o também ex-PM Ivo Mattos da Costa Junior, o PM Junior ou Tomate, controlavam a cobrança de taxas de mototaxistas e vans e a arrecadação com a venda de sinal pirata de TV por assinatura (gatonet), segundo os promotores. O Ministério Público havia feito novo pedido de prisão preventiva contra Carlão. Além dele, outros três ex-PMs denunciados ontem também estavam presos. Mais cinco pessoas, sendo duas mulheres, foram presas durante a operação.
Para fugir, Carlão forçou a entrada na sala que a Defensoria Pública mantém no BEP. O ex-PM passou então por um pátio interno até chegar a uma guarita desativada. Carlão teria usado uma corda para descer o muro. A polícia acredita que um carro já esperava o miliciano do lado de fora do BEP. No início da manhã, o corregedor da PM, coronel Ronaldo Menezes, esteve no batalhão prisional e admitiu a fragilidade do sistema. Segundo ele, policias do BEP facilitaram a fuga de Carlão.
"Nós temos realmente uma fragilidade em termos do sistema. Vêm sendo adotadas medidas de correção (dessas fragilidades)", disse Menezes. "Esse ex-militar, ele obteve fuga, a princípio, por uma negligência do nosso oficial de dia. Ele está sendo autuado por facilitar essa fuga. A partir daqui, nós estamos instaurando um inquérito policial militar e o objetivo é apurar como se deram esses fatos", explicou Menezes.
A milícia Liga da Justiça atua há mais de dez anos em Campo Grande e bairros vizinhos, na zona oeste do Rio. Além do gatonet e das taxas de vans e mototaxistas, os paramilitares também faturam com o monopólio de venda de gás, cobrança por "proteção" a comerciantes e moradores, entre outras atividades criminosas. Os líderes da Liga da Justiça são os irmãos Natalino (expulso do DEM), ex-deputado estadual, e Jerônimo Guimarães (PMDB), o Jerominho, ex-vereador. Os dois cumprem pena por formação de quadrilha armada no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande desde 2008.
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