O presidente do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), João Oreste Dalazen, afirmou ontem, em entrevista ao G1, que a
Justiça ficará com o ônus de resolver os “conflitos” que surgirão com a
nova lei do aviso prévio. Para o ministro, a norma não tratou de
situações que já estão gerando “perplexidade e controvérsias”.
As novas regras, em vigor desde esta quinta-feira (13), prevêem que o trabalhador
com até um ano de emprego mantenha os 30 dias de aviso prévio, mas,
para cada ano adicional de serviço, o período aumente em três dias, até o
limite de 90 dias.
“Diante uma lei precária e omissa, a Justiça do Trabalho vai ter de julgar os conflitos trabalhistas
que dela emergirem. Infelizmente, a lei foi aprovada a toque de caixa –
não obstante tramitasse por mais de 22 anos no Congresso – e deixou
muito a desejar porque não regulou várias situações jurídicas que estão
causando perplexidade”, afirmou o presidente do TST.
Uma das questões em discussão por sindicatos e entidades empresariais
é a possibilidade de que as novas regras do aviso prévio sejam
aplicadas a casos anteriores à vigência da lei. Desde a aprovação das
novas regras, a Força Sindical já tem recomendado a via judicial a
filiados que receberam 30 dias de aviso prévio no passado.
Segundo Dalazen, o trabalhador ou empregador que se sentir prejudicado
pode entrar na Justiça, mas há reclamações que, na opinião do ministro,
não poderão ser atendidas, como a hipótese de a lei retroagir para
beneficiar demissões anteriores.
De acordo com o presidente do TST, nesse caso, o artigo 5º da
Constituição proíbe que uma lei alcance situações anteriores à sua
entrada em vigor. Dalazen afirma que, no direito brasileiro, uma lei
nova se aplica apenas a casos presentes e futuros. “A lei ordinária não
pode retroagir para incidir sobre situações jurídicas anteriores à lei.
Na ausência dessa norma, a situação foi regulada por leis anteriores a
esta, no caso a própria CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], e é
uma situação consolidada e constituída que não pode ser apanhada pela
lei nova”, disse o ministro.
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