- Uma das vertentes é a de que ele seja enquadrado em homicídio culposo (quando não há intenção de matar), se chegarmos a essa conclusão - disse Bonfim, que não conseguiu ouvir o dono do restaurante nesta quinta-feira porque, de acordo com seu advogado, ele estaria internado em estado de choque.
- A funcionária afirma que houve troca de botijão na terça-feira e que havia vazamento de gás, mas que foi cessado logo depois. Mas ela afirma que, possivelmente, alguém deixou o gás vazando - descreve o delegado. - A negligência está evidenciada. (Primeiro) por usar botijão de gás em local não adequado. Depois, por alguém (um funcionário) entrar sem tomar as medidas técnicas necessárias e, pior ainda, por alguém entrar e acender um cigarro.
VÍDEO: Antes, durante e depois da explosão
INSTALAÇÃO CORRETA:Pesquisador fala sobre os cuidados necessários para instalação de gás
REPERCUSSÃO:Como a notícia saiu na imprensa internacional
MEMÓRIA:Relembre outros casos de explosão no Centro
TESTEMUNHAS DA TRAGÉDIA: Dona de sorveteria calcula prejuízo em R$ 400 mil
FOTOGALERIA: Veja as imagens da área atingida pela explosão
TRÂNSITO: Ruas no entorno do local da explosão estão interditadas
Outra importante testemunha é o jornaleiro que trabalha a poucos metros do restaurante, e afirma ter vendido o maço de cigarros para um dosfuncionários do estabelecimento minutos antes da explosão.
- O jornaleiro é bem contundente quando afirma que vendeu um maço de cigarro para uma pessoa de nome Roberto e que, logo em seguida, houve a explosão - explicou o delegado, que espera o escoramento do prédio para que o trabalho da perícia possa chegar à cozinha do etabelecimento. - Tudo leva a crer que o jornaleiro tem razão sobre o que afirma.
Estabelecimentos do prédio não tinham autorização para usar cilindros de gásO secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou nesta quinta-feira que nenhum estabelecimento no prédio que explodiu na Praça Tiradentes tinha autorização para utilizar cilindros de gás. A Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) disse que não distribui gás ao prédio na Praça Tiradentes desde 1961 , e seis cilindros de gás industrial, com 45 litros cada, foram encontrados no local onde três pessoas morreram e 17 ficaram feridas após a explosão do Restaurante Filé Carioca . A força da explosão seria comparada a de 10 quilos de dinamite, segundo Giordano Bruno, da Construtura Fábio Bruno, contratada para fazer a retirada de entulhos e contenção dos pilares do edifício Riqueza. O acidente destruiu completamente pelo menos 700 metros quadrados no prédio, a soma das áreas do subsolo e do térreo juntas. A construtora informou que os trabalhos no local devem durar até 60 dias. A Construtura Fábio Bruno é a mesma que cuidou da derrubada do restante do Palace 2 e da limpeza dos escombros do local.
A Defesa Civil Municipal encerrou durante a tarde o trabalho de retirada de pertences de funcionários das lojas comerciais que funcionam dentro do edifício Riqueza. As pessoas retiraram pertences em sacolas supervisionados por técnicos da Defesa Civil. Sessenta e seis funcionários se organizaram em grupos e tiveram apenas 20 minutos para ficar dentro do prédio, que tem 11 andares. O trabalho de retirada será retomado nesta sexta-feira.
O Restaurante Filé Carioca trabalhava com alvará provisório dado pela prefeitura desde 2008. Segundo a Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), o proprietário do restaurante deu entrada no licenciamento municipal em 20 de agosto de 2008 e há três anos vinha renovando a autorização precária de funcionamento porque a documentação estava incompleta. Ainda de acordo com a Seop, o proprietário do restaurante fora notificado recentemente a complementar a documentação, o que ainda não havia sido feito. O advogado Bruno Castro, que representa o dono do restaurante, trouxe peritos contratados por seu cliente para o local do acidente. Segundo ele, o objetivo seria ajudar as autoridades a esclarecer o acidente.
O subprefeito do Centro, Thiago Barcellos, e o comandante da Defesa Civil estadual reuniram-se nesta tarde para definir uma ação de fiscalização e vistoria nas instalações dos bares e restaurantes do entorno da Praça Tiradentes e da Avenida Mem de Sá.
- Em relação à prefeitura, o restaurante tinha alvará provisório, que dá um prazo para o lugar cumprir outras exigências, como as do Corpo de Bombeiros - disse o subprefeito do Centro.
De acordo com o comandante da Defesa Civil, Sérgio Simões, há uma responsabilidade criminal de quem instalou o sistema de gás engarrafado no Edifício Riqueza.
- Este prédio comercial especificamente tem do Corpo de Bombeiros um documento chamado laudo de exigência e, nesse documento, com data de meados de 2010, fica explícita a proibição da utilização de gás engarrafado. Há uma responsabilidade criminal de quem instalou esse sistema de gás engarrafado.
Para o comandante do Corpo de Bombeiros, como quarta-feira foi feriado, o vazamento foi se acumulando, e o cheiro forte de gás não foi sentido. De acordo com Simões, o prédio deveria ter solicitado a instalação do gás da Companhia Estadual de Gás (CEG). Ele acrescentou que o trabalho dos bombeiros no local deve levar de uma semana a dez dias para a retirada de escombros.
Antes da explosão, funcionários do restaurante sentiram cheiro de gás e tentaram entrar em contato com o dono do estabelecimento, segundo depoimento prestado pelo jornaleiro Jorge Luiz Rosa Leão na 5ª DP (Centro). Segundo o jornaleiro, três trabalhadores o abordaram, por volta das 5h30m, logo após ele abrir a banca, que fica em frente ao restaurante destruído:
- Como todos chegam cedo, eu conheço bem os funcionários. O chefe de cozinha, Antônio, veio perguntar se eu tinha o telefone do dono do restaurante, mas eu não tinha. Ele deve ter notado algo estranho.
Em seguida, segundo Jorge, outro funcionário, chamado Josemar, comentou que havia um forte cheiro de gás. Minutos antes da explosão, por volta de 7h30m, um terceiro empregado do restaurante foi à banca e comprou um maço de cigarros. Mas, de acordo com o jornaleiro, ele não estava fumando quando voltou para o restaurante.
Um atendente do restaurante, identificado como Renato Fiel, afirmou que o responsável pelo gás do estabelecimento era o cozinheiro. Segundo ele, os seis cilindros de 45 quilos eram interligados, e o cozinheiro já teria entrado no restaurante sabendo sobre o vazando de gás no local.
O advogado representante do Filé Carioca, Bruno Castro, esteve no local e disse que o proprietário, identificado como Rogério, foi internado em crise e assim que tiver condições se manifestará sobre o caso.
O delegado adjunto da 5ª DP (Centro), Antônio Bonfim, que havia informado que já teria imagens das câmeras da prefeitura no local para ajudar na investigação. A polícia aguardou a limpeza e escoramento da estrutura do edifício para iniciar a perícia.
O presidente em exercício do Crea, Cleyton Vado, informou que representantes do órgão estão colhendo informações no local. Ele ressaltou que um botijão doméstico não provocaria tanta destruição ao explodir.
- Recebemos informações de que o gás estaria vazando desde a noite de quarta, e isso deve ter formado um bolsão de gás dentro do estabelecimento. Neste caso, foi montada uma verdadeira bomba-relógio e qualquer centelha provocaria a explosão. Bastaria acender uma lâmpada. Sobre a estrutura do edifício, inicialmente avaliamos a estrutura das colunas, que parecem preservadas. Mas ainda trabalhamos com hipóteses. Vamos continuar no local apurando o que provocou a explosão. acreditamos vazamento destes botijões um bolsão de gás e estaria montada uma bomba. ainda estamos apurando - disse.
Os três mortos foram identificados como Mateus Maia Macedo de Andrade, de 19 anos; Josemar dos Santos Barros, que seria o sushiman; e o chef de cozinha, Severino Antônio. Os feridos foram levados para o Hospital Souza Aguiar, também no Centro , sendo que o quadro de três deles é gravíssimo: dois estão com traumatismo craniano, e um com traumatismo abdominal.
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Segundo o secretário estadual de Defesa Civil, Sérgio Simões, o único edifício que continua interditado é o Riqueza, onde aconteceu a explosão. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, esteve no local do acidente. Ele conversou com os bombeiros para tentar descobrir o que pode ter provocado a explosão.
Por volta das 7h54m, as ruas da Carioca, Assembleia e Visconde de Rio Branco foram interditadas ao trânsito. Equipes da prefeitura, com agentes da CET-Rio, Guarda Municipal, Defesa Civil e Comlurb, além de Bombeiros e Policiais Militares estão no local, que está isolado. O trânsito do entorno dessas vias está bastante congestionado. A movimentação de veículos já foi liberada na Avenida Passos para desafogar o trânsito no Centro da cidade. Apesar da interdição, há uma grande aglomeração de pessoas na área do acidente.
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