Carlos Terra, pai do adolescente Lucas, em protesto na porta do fórum Rui Barbosa
A Justiça realizou, nesta sexta,25, no Fórum Rui Barbosa, a
última audiência de instrução do caso que investiga o assassinato do
garoto Lucas Vargas Terra, morto aos 14 anos, em 21 de março de 2001.
Dos três acusados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), apenas o
pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Sílvio Roberto
Santos Galiza, foi condenado. Fernando Aparecido da Silva e Joel
Miranda, respectivamente bispo e pastor da Iurd, estão em liberdade.Nesta sexta, só o pastor Valdinei Santos da Silva foi ouvido, no papel de testemunha arrolada pela defesa, segundo nota no portal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). O depoimento foi acompanhado pela juíza Vera Lúcia Medauar, substituta da juíza Delma Lobo, afastada por motivos de saúde.
Promotores - Dois promotores de justiça, Davi Gallo Barough e Ariomar Figueiredo, foram designados para acompanhar o depoimento da testemunha. De acordo com Davi Gallo, o defensor abordou o comportamento cotidiano dos acusados. “O que, na minha avaliação, não deve influenciar no resultado das alegações finais, pois ele não estava na cena do crime”, disse Gallo. A oitiva foi até às 12h.
De acordo com o promotor Davi Gallo, as denúncias iniciais do caso serão mantidas para os dois últimos acusados. Segundo informou, a promotoria pede a condenação da dupla por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e crueldade. Se condenados, diz o promotor, os dois podem pegar de 12 a 30 anos de reclusão. “Embora seja difícil obter o pleito, por causa da legislação brasileira, vou pedir a pena máxima”, adiantou.
Com o depoimento, continua o promotor, o processo agora encontra-se na fase de pronúncia ou impronúncia – quando o juiz responsável decidirá se encaminhará o casa para júri popular ou não. “Colhidas todas as evidências do caso e analisados os depoimentos das testemunhas, o processo caminha para as deliberações finais por parte da Justiça”, explicou o promotor, que, segundo avaliação própria, acredita na decisão pelo júri popular.
Defesa - O advogado de Fernando e Joel, César Faria, afirmou que ambos os clientes são “inocentes”. Segundo ele, falta coerência no processo, que seria baseado apenas no depoimento de Galiza, “com riqueza de contradições e sem provas que incriminem os outros dois". Por esse motivo, a defesa não acredita que os acusados irão a júri popular.
Faria questiona o porquê de Galiza ter esperado até 2006 – cinco anos após o início do julgamento dele, quando já havia sido condenado duas vezes e estava em grau de apelação no processo – para denunciar Fernando e Joel. Ele afirmou que Galiza nunca confessou, mas tentou transferir a culpa para os outros dois pastores, com uma nova versão dos fatos.
Pai - O pai de Lucas, o aposentado José Carlos Terra, 57, mais uma vez, como fez em todas as audiências realizadas no período, vestiu-se de preto e foi para a porta do fórum cobrar a punição dos acusados. “Vou continuar minha luta, até que eles sejam condenados, nem que, para isso, sejam necessários mais dez anos”, disse, com obstinação, o aposentado.http://www.atardeonline.com.br
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