O Tribunal de Justiça da Bahia manteve nesta quarta-feira, 23, a
proposta da presidente do Judiciário, desembargadora Telma Britto, de
extinguir comarcas de 50 municípios do Estado, sob a alegação de enxugar
a máquina e enfrentar a privatização dos cartórios aprovada em agosto
pela Assembleia Legislativa.
A decisão foi tomada pelo pleno (conjunto de desembargadores)
do TJBA numa sessão tensa, acompanhada pelos prefeitos dos municípios
prejudicados, onde moram cerca de 800 mil pessoas. Vinte e três desembargadores votaram a favor da extinção e quatro contra.
Um dos que discordaram da medida, o desembargador Antonio
Pessoa Cardoso, foi homenageado ao fim do julgamento. Revoltado com a
extinção das comarcas, o prefeito de Morporá, Sirley Novaes Barreto
(PT), percorreu o auditório do pleno, com o braço direito levantado
gritando: “Parabéns ao voto do desembargador Pessoa. Viva a democracia!
Viva a liberdade de expressão”.
A desembargadora Telma Britto, que presidia a sessão reagiu:
“Lamentável que pessoas civilizadas se comportem desta forma”, disse e
em seguida mandou retirar as frases do prefeito das notas taquigráficas.
Barreto saiu rapidamente do prédio do TJBA, pois os prefeitos temiam que ele recebesse voz de prisão por desacato.
O presidente da União dos Prefeitos da Bahia, Luiz Caetano (PT), disse que a entidade deve entrar com um mandado de segurança contra a decisão no Supremo Tribunal Federal.
O Sindicato dos Servidores do Judiciário da Bahia (Sinpojud) também
anunciou que irá recorrer. “Vamos entrar com um mandado de segurança e
com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN)”, disse a presidente
da entidade, Maria José Silva, lembrando que a extinção dos cartórios
judiciais nos 50 municípios obrigará cerca de 500 servidores e se
mudarem para outras cidades, já que terão de ser relocados.
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