Nem chega à penitenciária de segurança máxima de Campo Grande

Preso há nove dias no Rio de Janeiro, o ex-chefe do tráfico na favela da Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, já está em Campo Grande (MS), onde fica detido na penitenciária federal da cidade. O traficante e outros três líderes do tráfico, que foram para a mesma penitenciária, ficam 20 dias isolados, sem direito a visitas.
O presídio de Campo Grande, inaugurado em 2006, já abrigou outro famoso traficante do Rio, Fernandinho Beira-Mar, que cumpriu pena no local por três anos. Hoje, Beira-Mar está detido em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
O avião da Polícia Federal que trouxe Nem pousou no Aeroporto Internacional de Campo Grande às 13h25 minutos (horário de Brasília). Dali, os traficantes seguiram para o presídio. Os outros três integrantes transferidos são: Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, Valquir Garcia dos Santos, o Carré, e o ex-policial militar Flávio Melo dos Santos.
Sob um aparato de segurança que envolveu ao menos 50 policiais, o grupo seguiu direto para o presídio.
O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) autorizou a transferência  de Bangu 1, no Rio, para Campo Grande,  após avaliar qual dos quatro presídios federais seria o mais adequado para receber os criminosos --que pertencem à facção Amigo dos Amigos (ADA) --, além de aspectos logísticos, tais como número de vagas e sistema de transporte.
Durante a semana, especulou-se que Nem e seus aliados seriam transferidos para o presídio federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte. No entanto, o corregedor da penitenciária, Walter Nunes da Silva Júnior, afirmou ao UOL Notícias que o Depen ainda estava analisando qual seria o melhor destino.
Segundo ele, a Justiça Federal não julga adequada a transferência de vários criminosos da mesma facção para um mesmo presídio. Dessa forma, os outros traficantes da quadrilha que dominava a Rocinha presos durante o processo de ocupação policial, tais como Sandro Luís de Paula Amorim, o Peixe, e Paulo Roberto de Lima da Luz, o Paulinho, podem não ter o mesmo destino de Nem.
"Em tese, não se pode colocar todos juntos. Não seria razoável levar todos para o mesmo presídio considerando que são criminosos com alto grau de periculosidade", disse. Há quatro penitenciárias federais no Brasil: além das situadas em Campo Grande (MS) e Mossoró (RN), existem a de Catanduvas (PR), e a de Porto Velho (RO). O regime adotado em tais presídios é o de total confinamento por 22 horas diárias.
Preso em porta-malas
O traficante Antônio Bonfim Lopes, ex-chefe da Rocinha, foi preso no início da madrugada do último dia 10 ao tentar fugir da favela dentro do porta-malas de um Corolla preto. Desde então, ele está preso em Bangu 1, no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro
De acordo com o líder da operação que resultou na prisão do traficante, o tenente da PM Ronald Cadar, foram apreendidos no carro de Nem 50.500 euros e R$ 59.900. Na operação realizada pelo Batalhão de Choque e pela Polícia Federal no dia anterior, haviam sido apreendidos R$ 121.899 e 155 euros na Rocinha.
A prisão aconteceu quando o carro em que ele estava foi parado durante operação do Batalhão de Choque, na Lagoa Rodrigo de Freitas, próximo ao Clube Naval, na zona sul do Rio. Os policiais desconfiaram de um veículo, inicialmente identificado como pertencente ao consulado do Congo, e informaram ao motorista que o carro seria revistado. O suposto funcionário do consulado, aparentando nervosismo, negou a revista alegando imunidade.
Os agentes, que faziam uma blitz na região e já haviam parado vários carros, disseram que iriam acompanhar o veículo até a sede da PF. No caminho, o motorista do Corolla parou o veículo e ofereceu dinheiro aos PMs em troca da liberação, mas o suborno ficou só na tentativa. A oferta começou com R$ 30 mil e chegou até a R$ 1 milhão.
Policias Federais foram chamados e, ao abrirem o porta-malas, encontraram Nem. O veículo foi escoltado por terra e também pelo ar, por um helicóptero da polícia, até a sede da Superintendência da Polícia Federal, no Rio, para onde o traficante foi levado.
Além de Nem e do motorista, estava no carro também um homem que se identificou como advogado durante a abordagem policial. Em nota, o consulado da República do Congo negou que o homem que estava no carro no qual Nem foi encontrado tenha qualquer vínculo com a representação diplomática daquele país.

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