Pesquisa comprova que o crack assola cidades baianas

Flagrante de uso e tráfico de crack, nesta segunda-feira, atrás do Mercado de S. Miguel, na capital
Flagrante de uso e tráfico de crack, nesta segunda-feira, atrás do Mercado de S. Miguel, na capital

A facilidade de acesso e o baixo custo fizeram com que o crack chegasse a cidades de pequeno porte e a áreas rurais do País. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta segunda-fdeira, 7, pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Na Bahia, entre as localidades pesquisadas, em 67,5% foram relatados problemas relacionados à circulação da droga.

Confirmando as estatísticas, é cada vez mais fácil encontrar clínicas e centros de reabilitação fora das capitais: “Abandonei quatro clínicas para onde me mandaram. A única coisa que me fez deixar o vício foi o sofrimento em ver a tristeza da minha mãe”.

A fala é de um jovem de 17 anos, em tratamento para a dependência de crack em Lauro de Freitas (Grande Salvador).

Há dois anos sem contato com a droga, ele conta que agora consegue dimensionar os prejuízos: “Ficar na rua, sujo, com fome, mesmo tendo família... Já saí de casa com roupas de R$ 220 e voltei de bermuda e camisa rasgadas, que nem sei de quem eram. Tinha medo até de dormir e me matarem”.

Uma história cada vez mais comum também em cidades do interior. “A situação é muito aguda. Os dados vão poder mostrar melhor o problema”, resumiu o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Salvador - Mesmo na capital baiana, o atendimento aos usuários da droga é considerado insuficiente. O município conta com duas unidades dos chamados Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD), um em Campinas de Pirajá e outro em Pernambués. O tratamento depende da adesão do usuário, envolve atendimentos individuais, engajamento em oficinas e atividades em grupo, mas não inclui internação.

A médica neurologista e coordenadora do programa de saúde mental da Prefeitura de Salvador, Célia Rocha, reconhece que seria preciso, no mínimo, triplicar a quantidade de Caps-AD na cidade.

“O ideal seriam 12 desses centros, um para cada distrito sanitário ou, no mínimo, um a cada dois distritos”, contabilizou a especialista.

Em média, 600 pessoas (400 em Pernambués e 200 em Pirajá) estão em tratamento nos Caps-AD de Salvador. “O Ministério da Saúde preconiza até 220 pacientes, mas atendemos a essa demanda superior porque só temos dois Caps-AD na cidade”, avalia Célia.

Segundo a coordenadora, há previsão de criar mais dois Caps-AD em Salvador no ano que vem. Os novos centros deverão funcionar nos bairros de Itapuã e subúrbio ferroviário

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