O relator Raimundo Moreira votou pela rejeição das contas da
Prefeitura de Salvador, voto acompanhado de maneira unânime pelos demais
conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), na tarde desta
quinta-feira, 22.
Com isso, a prefeitura terá de arcar com multa máxima, no valor de R$
33.823,00, devido às irregularidades, e ressarcir o erário em R$
549.480,30 por despesas com publicidade desacompanhadas de provas que
possibilitassem a análise do seu conteúdo, salvo se apresentar as provas
dos gastos num prazo de 30 dias.
O tribunal também decidiu por formular representação no Ministério
Público Estadual contra o prefeito, por intermédio da assessoria
jurídica do TCM.
Dentre os principais aspectos que levaram as contas da prefeitura à rejeição em 2010 foram:
- A prefeitura ter investido 20,9% do orçamento em educação, abaixo do mínimo de 25% que a constituição determina;
- Investimentos do orçamento em saúde de 11,82%, abaixo do mínimo de 15% que a constituição determina;
- Reincidência em irregularidades em licitações, inclusive com
contratações de serviços a preços considerados pelos conselheiros como
"irrazoáveis";
- Desequilíbrio entre receitas e despesas, gerando déficit no orçamento. Crescimento dos gastos correntes, em especial, com a contratação de funcionários temporários e terceirizados;
- Gasto elevado, estimado em R$ 2,8 milhões, no pagamento de
juros e multas devido ao não cumprimento dos prazos de pagamentos a
concessionárias e empresas terceirizadas;
- Cancelamento de dívidas passivas sem comprovar a origem dos saldos para a baixa dos valores;
- As contas únicas e específicas para movimentação dos recursos para
educação e saúde não terem sido criadas pela prefeitura, conforme
orientação do TCM;
- Não cumprimento da orientação do TCM de desvincular a Controladoria
Geral do Município da Secretaria da Fazenda, promovendo sua autonomia
institucional;
- Elevado comprometimento orçamentário com despesas de exercícios anteriores;
- Ausência de medidas efetivas para o pagamento de multas e ressarcimentos devidos ao erário municipal.
A administração - A Prefeitura informou, por meio de
nota, que ainda não teve acesso ao teor do julgamento proferido nesta
quinta-feira e afirmou que aguardará “a comunicação oficial do conteúdo
do parecer aprovado pela Corte de Contas, para, com fundamento nas
informações disponibilizadas pelos órgãos municipais, prestar os
esclarecimentos necessários de forma mais completa”.
Contudo, antecipou que vem adotando medidas de ajuste. “Entre elas, a
maior eficiência nos gastos com pessoal, o repasse direto e mensal de
recursos para Saúde e Educação nos percentuais constitucionais, a adoção
de um firme contingenciamento no orçamento e o estabelecimento de
normas rigorosas de gestão de recursos, licitações e outros
procedimentos por parte de todos os órgãos da administração municipal”,
afirma a nota.
0 Comentários