Carnaval: artistas optam por sair sem cordas

Empresário do Chiclete diz que saída do bloco sem cordas, na quinta, na Avenida, trará mais foliões
Empresário do Chiclete diz que saída do bloco sem cordas, na quinta, na Avenida, trará mais foliões
Sair sem cordas, em pelo menos um dia, é a nova tendência entre os artistas para o Carnaval 2012. Além da Banda Eva, que tomou essa iniciativa no ano passado, Jammil, Timbalada com Carlinhos Brown, Pablo do Arrocha, Psirico, Tuca Fernandes e Chiclete com Banana anunciaram que vão puxar o trio sem isolamento. A decisão desse último é a que vem provocando maior polêmica, pois o desfile gratuito será na quinta-feira, dia da abertura oficial da festa no Circuito Osmar (Campo Grande), onde tradicionalmente saem os blocos de samba.
Representantes da organização do Carnaval apontam a apresentação sem cordas como medida de revitalização do mais tradicional circuito da folia baiana. Já para pesquisadores da folia, como Paulo Miguez, esta é uma boa iniciativa, mas que deveria ter sido discutida com todos os atores que fazem a festa.
Os representantes dos blocos de samba, por exemplo, estão incomodados, pois acham que uma apresentação livre do Chiclete vai complicar o desfile das agremiações. “Sou contra a saída do Chiclete na quinta na Avenida. Entendo o que a banda representa para o Carnaval, mas não soma nada nos dias que, historicamente, são os de saída dos blocos de samba que atraem uma grande participação popular”, analisa o presidente do bloco Alvorada, Vadinho França.
O diretor do bloco afro Bankoma, Manoel Mascarenhas, que desfila na quinta, também critica a iniciativa: “O público que acompanha o nosso bloco e os de samba não é o mesmo que curte os outros artistas. A gente não sai nos dias do Chiclete justamente para preservar nosso modo de desfile, que é muito próprio. Além disso, é bem provável que engarrafe e atrase nossa saída”.
Polêmica - Já para o presidente do Conselho Municipal do Carnaval, Fernando Boulhosa, a participação de artistas no Circuito Osmar e sem o uso das cordas representa a valorização do percurso e da abertura carnavalesca. “Essa iniciativa vai mostrar que a Avenida está viva e forte. Daqui para o Carnaval teremos mais novidades. Inclusive, o cantor Pablo do Arrocha também puxará um trio independente na terça-feira”, antecipou.
Para Boulhousa, a participação do Chiclete com Banana não vai trazer prejuízos ao desfile dos outros blocos. “O Chiclete sairá uma hora antes dos blocos de samba justamente para não prejudicar o desfile”, garantiu.
O empresário da banda, Roberto Cavalcante, disse que a iniciativa partiu dos artistas. “Não vejo problemas na saída. Temos muita admiração e respeito pelos blocos de samba. Por  isso vamos sair uma hora antes, inclusive  acredito que a saída do Chiclete será uma forma de trazer mais pessoas e mídia na quinta”.
Solidariedade - O cantor da banda Psirico, Márcio Victor, afirma que o grupo também vai sair sem cordas em algum dos dias da festa. “Quero ver aquele Carnaval democrático que curti anos atrás. Acho que temos que ter leis de incentivo que banquem um Carnaval sem cordas e com distribuição por igual. Sem hipocrisia”, disse o cantor, que na folia do ano passado foi agredido com expressões racistas por um frequentador de camarote durante passagem pelo circuito Dodô (Barra-Ondina).
Outra banda que desfilará na Avenida num trio sem cordas é Jammil e Uma Noites. O grupo sairá no domingo, com a campanha “Pipoca Solidária. É Chique Ser do Bem”. O desfile é livre, mas quem desejar pode adquirir uma camisa por R$ 20. A renda será destinada ao núcleo de oncopediatria do Hospital Aristides Maltez, que cuida de crianças com câncer.
“Essa nossa iniciativa alia a ação social com a ideia da revitalização do circuito por meio dos blocos sem corda. Essa ideia pode ser um divisor de águas para o Carnaval, com a festa democrática para o povo”, disse  o vocalista e baixista da Jammil, Manno Goés.

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