SSP registra greve sangrenta e violenta

A greve parcial de policiais militares da Bahia tem mostrado seus reflexos negativos. Nesta sexta-feira – 11º dia de paralisação – o Bocão News construiu a radiografia da situação da segurança em Salvador e região metropolitana durante os dias em que os soldados permaneceram de braços cruzados.

Segundo dados oficias da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a comparação do número de crimes no período grevista de 2012 em relação a 2011 - onde não houve greve -, mostra a importância dos policiais nas ruas da cidade.

Enquanto este ano a secretaria registra 154 homicídios entre 31 de janeiro, data do início do protesto, até o dia 9 de fevereiro, última disponibilização de informações sobre crimes na página da SSP, em 2011 foram contabilizados 66 assassinatos, aumento de 136%. É uma média de 15,4 mortes por dia, sendo que a última sexta-feira foi o dia mais crítico com 31 pessoas mortas.

Já as tentativas de homicídio tiveram aumento no período de 266%. Em 2012 são 77 casos, enquanto 2011 foram 21. Os roubos a coletivo, que vinha registrando queda nos últimos anos, teve aumento de 172%. Em 2011 a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) registrou 22 coletivos roubados, em 2011 são 60 veículos roubados.

A Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV) foi à unidade policial que mais computou aumento no número de registro. Enquanto 2011 foram roubados ou furtados 76 veículos, em 2012 são 378 em 10 dias. Média diária de 37,8 e em comparação ao ano passado aumento de 397%.

A SSP disponibiliza apenas números de Salvador e região metropolitana em seu site. A imprensa não tem disponível o balanço diário do número de homicídios, tentativas de homicídios, veículos roubados ou furtados e roubos a coletivos referentes ao interior do estado.

PM X Governo

O impasse entre categoria e governo permanece. Os policiais não aceitam a forma de pagamento da Gratificação por Atividade de Polícia – GAP IV e V – proposta pelo governador Jaques Wagner. O governo afirma que só pode pagar a GAP IV a partir de novembro deste ano e abril de 2013. Já a GAP V terminaria de ser paga em 2015. Os militares querem o pagamento da gratificação a partir do próximo mês – março –, e a GAP V em 2013.

Em entrevista à Bandnews, o secretário da Casa Civil, Rui Costa disse que a proposta apresentada é fruto de um esforço máximo do governo estadual não sendo possível flexibilizar mais.  Segundo o secretário, a proposta vai custar aos cofres públicos R$ 173 milhões ainda 2012  e em 2015, R$ 490 milhões.

Fim da greve

Em entrevista coletiva no início da tarde desta sexta-feira (10), o Comandante Geral da Polícia Militar da Bahia, Coronel Alfredo Castro, afirmou que a greve terminou. "Tudo tem começo, início e fim", disse Castro. Com a desocupação da Assembleia Legislativa na manhã de ontem e prisão de líderes do movimento grevista, dentre eles Marco Prisco, flagrado em escutas incentivando atos, considerados pela SSP, de vandalismo, o Comandante agradeceu aos militares que, segundo o Comandante, estão retornando ao trabalho. “Percebemos que de ontem para hoje uma boa parte dos policiais já voltaram aos seus postos e estão restabelecendo a normalidade no estado”.

Mas, um grupo formado por policiais garante que nada foi definido na última da rodada das negociações. “Estamos em greve e a comissão não aceitou esta proposta. A greve está sendo negada pelo comando, mas não há policiamento nas ruas. O comando geral deveria ter paciência com a categoria que esperou por tantos anos para resolver um problema previsto em lei como a PEC 300 garantido em 2009 e não cumprido pelo governo”, disse o porta-voz do movimento, o policial militar Ivan Carlos Leite, grevista que compõe um grupo de oito militares, escolhido para representar a categoria que reafirma estar em greve.

Apesar da informação do comandante, a assembleia dos policiais grevistas está mantida para esta tarde, às 16 horas, no Ginásio do Sindicato dos Bancários, no Largo dos Aflitos