Depois de perder a primeira batalha para se manter elegível,
com a aprovação do parecer do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM)
que recomenda rejeição de contas de 2010, o prefeito João Henrique vai
acionar a sua tropa de choque na Câmara Municipal de Salvador
(CMS) com o objetivo de postergar a apreciação das contas no plenário
da Casa. O objetivo é ganhar tempo para recompor a base aliada visando
garantir os 28 votos necessários para rejeitar o parecer do TCM.
Para consolidar o adiamento, os vereadores vão reforçar a
necessidade de mais tempo para uma análise detalhada das contas do
prefeito, conforme adianta o correligionário de João Henrique, vereador
Jorge Jambeiro (PP): “Precisamos de um tempo maior para analisar as
contas e votar com base em argumentos técnicos. É uma questão muito delicada para ser politizada”, explica.
A expectativa dos governistas é que as contas entrem na fila da ordem
do dia da Câmara, que atualmente possui cerca de 700 projetos pendentes
de apreciação. Com isso, a tendência é que as contas sejam apreciadas
no plenário somente a partir do segundo semestre deste ano, quando a
Câmara historicamente tende a ficar esvaziada por conta do período
eleitoral.
A antecipação desta votação seria possível somente com um acordo de
líderes ou com a aprovação de um requerimento de “urgência
urgentíssima”. Jambeiro, contudo, descarta as duas possibilidades. “Será
uma irresponsabilidade se algum vereador propuser o regime de urgência.
Acho tão absurdo que não quero nem pensar que alguém vai fazer isso”,
destaca.
O adiamento do julgamento das contas do prefeito poderá também ter
reflexos diretos nas alianças para as eleições deste ano. Apesar de a
bancada do PT ter fechado questão em torno da reprovação das contas do
prefeito, o vereador petista Alcindo da Anunciação admite que esta
decisão pode ser revista. “Política é como nuvem, o cenário muda toda
hora”, afirma.
Segundo ele, uma mudança de posição do partido poderá acontecer como
desdobramento de um possível apoio do PP à candidatura do petista Nelson
Pelegrino. “E se João Leão não for candidato e João Henrique prometer
apoio a Pelegrino? Ele fará isso de graça?”, questionou.
Nesta quinta, durante a entrega de trecho recuperado da BA-464, em
Baianópolis (a 782 km de Salvador), o governador Jaques Wagner disse que
a aprovação das contas de João Henrique “é uma questão dos vereadores”.
“São eles que têm que avaliar e entender se realmente têm que acolher
ou não”, acrescentou.
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