Caminhão bi-trem capotou perto do Junco, distrito de Jacobina
11/4/2012 15h38 - Má conservação da BR 324 provoca acidente com carreta carregada com mais 800 sacas de milho.
O motorista, único ocupante do veículo,
saiu ileso. “Ninguém morreu, mas este milho vai matar a fome de muita
gente”, disse José Antônio de Souza, quando questionado se o acidente
havia provocado vítima fatal. O pequeno agricultor respondeu sem
levantar o olhar, já que estava muito ocupado colhendo grãos embaixo do
veículo tombado.
Freneticamente dezenas de pessoas pegavam o
que podiam. Veículos automotivos, de tração animal, carroças de mão,
tudo servia para transportar o milho que ficou esparramado por uma área
de mais de 1000m².
A carreta bi-trem, placas PFM 8766, vinha
do município de Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, na manhã da
terça-feira, dia 10, e seguia para a cidade de Garanhuns no estado do
Pernambuco, quando na madrugada desta quarta-feira, 11, às 2h, saiu da
pista e a falta de acostamento provocou o acidente nas imediações do
povoado do Junco a 40 km de Jacobina.
Segundo o motorista, Genivaldo Cavalcanti
Junior, a falta de acostamento e o enorme desnível da pista foram o que
causou o acidente. Informações do carreteiro ainda dão conta de que o
veículo e a carga não são seguros. A Polícia Rodoviária Estadual esteve
no local tentando conter a população, mas segundo informações de um
agente o pequeno contingente foi insuficiente para o grande número de
populares.
Dona Maria de Lourdes Gonçalves, 74 anos,
justificou o ato da sua família por conta da estiagem que assola a
região e falta de ações dos governos. Filhos e netos ajudavam a anciã a
carregar as quatro sacas de milho que “conseguiram”. “Eu não queria, não
é do meu coração fazer isto, mas a gente vai morrer de fome é milha
filha? Cadê os governos que só prometem e nada fazem?”, questionou com
um sorriso desconfiado, peneirando os grãos que se misturaram a terra
vermelha.
Recentemente, a falta de acostamento na BR
324 provocou outro acidente. O motorista que transportava granito do
município de Ourolândia para a capital baiana, não teve a mesma sorte de
Genivaldo Junior e acabou morrendo no local. Fotos e texto: Tamara Leal/Jornal A Notícia
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