Em 1956, Lula, a mãe e os irmãos se mudam para a capital paulista, mas as condições de vida não melhoraram muito. Moram num quarto minúsculo nos fundos de um bar, na Vila Carioca. São anos de pobreza, mas felizes. Todos trabalham. Nas horas livres o menino Lula se diverte com brincadeiras de moleque: bolinha de gude, peão, pipa, guerra de mamona e muito futebol.
Lula começa como engraxate e, aos 12 anos, faz entregas para uma tinturaria. Aos 14 consegue seu primeiro emprego com carteira assinada, numa metalúrgica. Mesmo trabalhando 12 horas por dia, Lula ainda arranja tempo para seguir um curso de torneiro mecânico no Senai, concluído em 1963. No ano seguinte, começa a trabalhar na metalúrgica Aliança. Trabalho pesado, no turno da noite. É nessa ocasião que um colega cochila e fecha a prensa transversal sobre a mão esquerda de Lula, que perde o dedo mínimo.
Em 1966 Lula ingressa nas Indústrias Villares. Nessa mesma ocasião, entra no sindicalismo pela mão do irmão mais velho, Frei Chico. É o início de sua paixão pela política. No mesmo ano, a paixão e o casamento com Maria de Lourdes, também operária. Lula espera ser pai, mas Maria e o filho morrem durante o parto. Nos anos seguintes Lula participa intensamente da vida sindical. Em 1972, é eleito primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Em 1974 reencontra o amor com Marisa, também viúva e mãe do pequeno Marcos Cláudio. A essa altura Lula já é pai de Lurian, que lhe dará seu primeiro neto. Lula e Marisa estão casados até hoje e têm três filhos, Fábio, Sandro e Luiz Cláudio.
Entre 1975 e 1978, Lula é duas vezes eleito presidente do sindicato e lidera as greves do ABC. A mobilização dos metalúrgicos é extremamente importante no contexto da época, em pleno regime militar. Conscientiza os trabalhadores da sua força política e, também, deixa claro o anseio de liberdade e justiça, compartilhado por toda a sociedade brasileira. As greves aceleram o final da ditadura. Em 10 de fevereiro de 1980, no tradicional colégio Sion, em São Paulo, é lançado o manifesto que dá origem ao Partido dos Trabalhadores. Lula funda o PT juntamente com outros sindicalistas, intelectuais e acadêmicos.
Nos anos 1980, ainda na ditadura, Lula e o PT se firmam como uma força nova na política nacional. Em 1983, Lula participa da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). No ano seguinte, o PT está na origem da campanha “Diretas Já”, defendendo o direito de votar para presidente da República. 1986 é o ano da Assembléia Nacional Constituinte. Lula se candidata a deputado federal. Com 650 mil votos, é o mais votado do país.
Em 1989 os brasileiros, depois de quase trinta anos de regime militar, finalmente vão às urnas escolher o presidente da República. A campanha de Lula é feita por centenas de comitês populares, que mesmo sem recursos conquistam 31 milhões de votos. Lula chega em segundo lugar e, nos anos seguintes, prefere não se candidatar a outros cargos: dedica-se ao “governo paralelo”, amplia contatos e se aprofunda nas questões administrativas do país.
Enquanto isso, o PT elege seu primeiro senador, Eduardo Suplicy, 35 deputados federais e 81 estaduais. Começa a enquadrar seus extremistas e dá um passo decisivo em seu processo de amadurecimento: define-se pelo “socialismo democrático”. Chega 1992 e Lula comanda o PT na campanha pelo “impeachment” do então presidente Fernando Collor.
Em 1993 Lula dá início a uma série de viagens pelo Brasil. Percorre mais de 40 mil quilômetros, cobrindo o país de ponta a ponta, com um só objetivo: conhecer de perto as pessoas, os problemas e os desejos do Brasil real. Nas novas eleições para a Presidência, Lula tem como vice o hoje deputado federal Aloizio Mercadante. As forças governistas lançam o Plano Real, atraindo as atenções e as esperanças do eleitorado. O PT perde a disputa para a Presidência, mas elege os governadores do Distrito Federal e do Espírito Santo, quatro senadores, 50 deputados federais e 92 estaduais.
Em 1998 Lula disputa, pela terceira vez, a Presidência da República. Obtém 32% dos votos, mas Fernando Henrique é reeleito. O PT cresce, conquista os governos do Rio Grande do Sul, do Acre, do Mato Grosso do Sul, faz três senadores, 59 deputados federais e 90 estaduais. No ano seguinte, Lula é um dos líderes da “Marcha dos Cem Mil”, a maior manifestação política nacional contra o governo FHC.
Nas eleições seguintes, em 2000, o PT ganha as prefeituras de São Paulo, Goiânia, Aracaju, Recife, Belém, Porto Alegre e de mais 181 cidades, recebendo, em todo o Brasil, cerca de 12 milhões de votos. Consolida, assim, sua trajetória como o partido que mais cresce no país.
Em janeiro de 2001 Lula participa em Porto Alegre do Fórum Social Mundial, contraponto crítico à miséria social provocada pela “globalização”. Começa, também, a divulgar projetos para áreas específicas da vida nacional: economia, política habitacional, combate à fome, entre outras prioridades.
Em 06.10.2002, no 1° turno das eleições 2002, Lula é o mais votado e disputa o 2° turno com o “tucano” José Serra. No 2° turno, em 27.10.2002, “Lula” finalmente é consagrado vencedor e é eleito o novo presidente do Brasil, com mandato iniciando em 01.01.2003 e até 31.12.2006. O “governo de transição” é criado no dia seguinte - 28.10.2002 - pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e, assim, democraticamente, o Brasil inicia uma fase diferente de sua história: um representante do partido de oposição, representante dos trabalhadores - partido de esquerda -, assume o poder no Brasil.
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