Pesquisa indica que falta de exposição ao sol pode causar miopia

Trocar atividades ao ar livre por estudos e brincadeiras em ambientes fechados explicaria porque nove entre dez jovens prestes a deixar a escola nas grandes cidades da Ásia são míopes, afirmam os autores de um estudo publicado nesta sexta-feira no periódico médico The Lancet. No entanto, nem fatores genéticos, nem o aumento de atividades como a leitura e a escrita deveriam ser culpados, sugerem os autores da pesquisa, mas apenas a falta de exposição ao sol.
 
DOPAMINA
É um neurotransmissor (substância química que realiza a comunicação entre os neurônios) principalmente associado aos mecanismos de recompensa do cérebro.
 
Acredita-se que a exposição aos raios solares estimule a produção de dopamina, substância que evita que o olho cresça alongado, distorcendo o foco de luz que entra no globo ocular. "Está bem claro que é a luz brilhante que estimula a liberação de dopamina que previne a miopia", diz o pesquisador Ian Morgan, da Universidade Nacional Australiana, a respeito das descobertas.
 
Por ora, o estudante médio de ensino básico de Cingapura, onde nove em dez adultos são míopes, passam apenas 30 minutos ao ar livre todos os dias, enquanto na Austrália, onde a prevalência de miopia entre crianças de origem europeia é de cerca de 10%, os estudantes passam cerca de três horas em ambientes externos. Na Grã-Bretanha, a proporção foi de 30% a 40% e na África, "virtualmente nenhum", em uma faixa de 2% a 3%, segundo Morgan.
 
Mais do que os outros grupos, as crianças no leste da Ásia "basicamente vão à escola, onde não vão para um ambiente externo, vão para casa e não saem. Elas estudam e assistem à televisão", explicam os cientistas. Os estudantes prestes a deixar a escola com mais incidência de miopia no mundo são encontrados em cidades de China, Taiwan, Hong Kong, Japão, Cingapura e Coreia do Sul, onde de 80% a 90% são afetados. Destes, 10% a 20% sofriam de alta miopia, que pode causar cegueira.
 
"Grande parte do que vimos no leste da Ásia se deve a condições ambientais e não genéticas", explicou Morgan, contrariando uma crença disseminada há 50 anos pelo senso comum.
 
Intercalando as descobertas de estudos de diferentes partes do globo, os cientistas reforçaram que ser um leitor voraz ou um nerd não coloca ninguém em risco imediato. "Desde que façam atividades ao ar livre, não parece importar o quanto estudam", explicou Morgan. "Há algumas crianças que estudam muito, vão para fora e brincam bastante, e geralmente elas ficam bem. Aquelas que correm o maior risco são as que estudam muito e não vão para fora", completou.
 
Segundo o cientista, as crianças que passam de duas a três horas em ambientes externos por dia provavelmente estariam "razoavelmente seguras". Isto poderia incluir o tempo gasto durante brincadeiras em parques ou nas caminhadas de ida e volta da escola.
 
É preciso encontrar meios de fazer com que as crianças passem mais tempo expostas à luz do sol, sem comprometer suas atividades escolares, explicou.

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