Otan pede desculpas por mortes em ataque aéreo no Afeganistão




O comandante americano das forças da Otan no Afeganistão, general John Allen, pediu desculpas pelas mortes de civis em um ataque aéreo efetuado esta semana, voando pessoalmente ao local do ocorrido para apresentar suas condolências. (Jim Watson /AFP)
O comandante americano das forças da Otan no Afeganistão, general John Allen, pediu desculpas pelas mortes de civis em um ataque aéreo efetuado esta semana, voando pessoalmente ao local do ocorrido para apresentar suas condolências.
O comandante americano das forças da Otan no Afeganistão, general John Allen, pediu desculpas pelas mortes de civis em um ataque aéreo efetuado esta semana, voando pessoalmente ao local do ocorrido para apresentar suas condolências.

O presidente afegão, Hamid Karzai, manifestou sua indignação com o incidente, no qual, segundo oficiais afegãos, 18 civis, incluindo mulheres e crianças, foram mortos, e encurtou uma visita a Pequim para voltar para casa.

O general John Allen voou para a província de Logar, ao sul de Cabul, "para se reunir com líderes locais e a população, pedir desculpas e apresentar condolências às famílias", informou o porta-voz da coalizão, general Carsten Jacobson, à AFP.

Este foi o primeiro reconhecimento público feito pela Otan de que civis morreram no ataque aéreo contra uma casa na província nas primeiras horas de quarta-feira.

A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan afirma que muitos insurgentes foram mortos no ataque, que foi ordenado depois que as tropas ficaram sob fogo cerrado durante uma operação contra um líder insurgente talibã.

"Fizemos um chamado para que aqueles que estavam atirando da casa saíssem, mas eles se recusaram e então as coisas se aconteceram, culminando com a utilização de apoio aéreo próximo", disse um porta-voz da Isaf, Col Gary Kolb, à AFP.

Um correspondente da AFP presente no local pouco depois do ataque viu e filmou os corpos de cinco mulheres e de sete crianças, uma de cerca de um ano.

"Ataques da Otan que causem perdas de vidas e patrimoniais para os civis em nenhuma circunstância podem ser justificados e não são aceitáveis", disse Karzai sobre o ataque.

Esta é a segunda vez em um mês que Allen precisou admitir a morte de civis em ataques aéreos da Otan, que elevaram ainda mais as tensões na relação entre Karzai e os Estados Unidos, que lideram a força internacional na luta contra os insurgentes talibãs.

No início de maio, Karzai convocou Allen e o embaixador dos Estados Unidos, Ryan Crocker, ao palácio presidencial, depois que civis foram mortos em dois ataques aéreos.

Forças dos Estados Unidos e da Otan admitiram em uma declaração conjunta após a reunião que civis morreram em dois ataques separados e se comprometeram a tomar medidas para minimizar situações semelhantes.

O comunicado não fornece detalhes de quantos civis morreram em cada um dos dois incidentes, mas autoridades locais afirmam que mais de 20 pessoas faleceram, incluindo mulheres e crianças.

E, no dia 27 de maio, Karzai ordenou uma investigação depois que autoridades afegãs afirmaram que um ataque aéreo da Otan matou uma família de oito pessoas, incluindo seis crianças, no leste do Afeganistão. Os resultados da investigação ainda não foram divulgados.

A missão das Nações Unidas no Afeganistão também condenou o ataque de Logar, afirmando que "operações aéreas resultaram em mais civis mortos e feridos do que qualquer outra tática utilizada por forças pró-governamentais desde que o presente conflito armado começou".

"O incidente em Logar no dia 6 de junho reforça esta tendência", acrescentou.

Nos últimos cinco anos, o número de civis mortos na guerra cresceu de forma constante, atingindo um recorde de 3.021 em 2011 - com a grande maioria das mortes causada por insurgentes, segundo a ONU. Os recentes ataques aéreos que resultaram em mortes de civis ocorrem após uma série de incidentes neste ano que complicaram as relações entre as forças da Otan e seus aliados afegãos.

Eles incluem imagens de soldados americanos violando cadáveres de combatentes talibãs, a queima acidental de exemplares do Alcorão em uma base da Otan e o suposto massacre de 16 civis por um soldado americano

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