Nicole sofria de linfangioma – doença que impede o fluxo de oxigênio e provoca o crescimento de tumores benignos – e o motivo de sua morte na última sexta-feira (22) foi uma hemorragia provocada pelo rompimento de uma veia no braço afetado pela doença. Segundo os pais, a criança esperou das 10h às 17h por uma ambulância no Miguel Couto para levá-la para a unidade dos Servidores do Estado, onde era tratada regularmente.
Para Flávio é preciso justiça, pois sua filha teria sentido dor durante todo o dia. Ele diz que Nicole recebeu apenas soro e, por volta das 17h, uma pediatra teria tentado cuidar da criança, mas seria tarde demais.
— A minha filha sempre foi uma guerreira, mas foi demais para ela. O dia inteiro de dor. Não a colocaram no CTI [Centro de Tratamento Intensivo], pois explicaram que, como ela seria transferida, não era necessário internar.
Por meio de nota da Secretaria Municipal de Saúde, a direção do Hospital Miguel Couto afirma que a paciente foi imediatamente internada no Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico. Quanto à demora pela chegada da ambulância, a unidade diz que a transferência para outro hospital não reverteria o estado de saúde do bebê.
Ainda segundo a secretaria, "Nicole deu entrada em estado muito grave, com hemorragia no tumor, que ocorreu em todo o braço do bebê até o ombro. Durante o período em que esteve na unidade, ela teve acompanhamento de dois cirurgiões vasculares, três pediatras e um cirurgião pediátrico".
Ana Patrícia diz não entender o comportamento da equipe médica do Hospital dos Servidores, que teria afirmado que a filha não poderia ser tratada na unidade se não chegasse de ambulância.
— A médica falou para procurar um hospital para conseguir uma ambulância para levar o bebê, pois o Servidores só receberia se fosse emergência. Eu estava com muita fé que o tratamento que começaria a fazer na segunda-feira agora [25] ia dar certo.
A direção do Hospital Federal dos Servidores do Estado informou que, em caso de urgência, os pacientes são orientados a procurar atendimento em um serviço de emergência mais próximo - no caso de Nicole, o Miguel Couto.
Emocionados e cercados por amigos – a família do casal é do Ceará –, Flávio e Ana se despediram de Nicole neste domingo lembrando bons momentos que compartilharam nos seis meses de vida da filha. Segundo Flávio, ela se diferenciava pela “vontade de viver e por ser uma criança feliz, principalmente nos últimos meses, quando deixou de sentir dor”.
Nicole ficou conhecida após a Rede Record apresentar a história do bebê que precisa de ajuda para receber tratamento. Desde então, a família da criança passou a receber doações de anônimos e vizinhos na Rocinha, favela da zona sul do Rio. Diversos pacotes de fralda, latas de leite, roupa e brinquedos doados ainda estão guardados na associação de moradores da Rocinha. De acordo com Ana, tudo será doado para outras famílias que também estejam com dificuldades para criar os filhos.R7
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