Nas
suas alegações finais encaminhadas aos 11 ministros do Supremo Tribunal
Federal, a defesa de Duda Mendonça sugere que o empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza pode ter feito outras remessas para o
exterior além dos recursos depositados na conta de uma offshore criada
pelo publicitário nas Bahamas.
Em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, durante depoimento à
CPI dos Correios, Duda Mendonça afirmou aos parlamentares que, do
pacote de R$ 25 milhões fechado com o PT para a campanha de 2002, cerca
de R$ 10,5 milhões foram depositados no ano seguinte na conta da
Dusseldorf Company, vinculada ao BankBoston em Miami.
Contestando a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), versão
sustentada também pela defesa de Valério, os advogados do publicitário
afirmam que "é falacioso o argumento de que eles (os acusados, Duda
Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes) foram os únicos que receberam
valores no exterior e que, por essa razão, mentiram ao afirmar que
agiram assim por determinação de Marcos Valério".
No documento de 16 páginas encaminhado em abril ao Supremo, os advogados
Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma - que posteriormente
deixaram a representação dos réus - destacam que a revelação "dessas
operações só veio à tona em razão da confissão dos acusados". "O que
ocorreu, na verdade, é que o Ministério Público Federal e a CPMI dos
Correios não foram capazes de descobrir outros pagamentos efetuados por
Marcos Valério no exterior. Isso não significa, em absoluto, que outras
situações irregulares não possam ter ocorrido, ainda mais
considerando-se a identificação das 'unidades externas do Banco Rural,
formais e clandestinas', como o Ministério Público Federal anotou em
alegações finais." Procurado, o advogado Luciano Feldens, novo
representante de Duda Mendonça, não foi localizado.
Crimes
O publicitário e sua sócia respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro
e evasão de divisas. No memorial encaminhado ao STF, a defesa sustenta
que os acusados desconheciam a origem ilícita dos recursos depositados
na conta Dusseldorf e que eles estavam dispensados de apresentar
declaração de depósitos no exterior conforme regra do Banco Central.
Outro lado
"Não há nenhum outro caso em que o pagamento tenha sido feito no
exterior a não ser o de Duda", reagiu o criminalista Marcelo Leonardo,
que defende Marcos Valério. "Ele (Duda) insinua, supõe, faz conjectura,
mas não tem prova concreta. De todas as pessoas da lista de pagamentos
feitos pelo Marcos Valério, atendendo ao pedido do Delúbio (Soares) para
o PT e partidos da base aliada, o único pagamento no exterior foi o do
Duda."
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