O carro do publicitário de 39 anos ficou com as marcas dos tiros disparados pela PM
Foto: Mauricio Camargo/Futura Press
A irmã de Ricardo Prudente de Aquino, morto por policiais militares
na quarta-feira depois de fugir de uma abordagem na zona oeste de São
Paulo, desmentiu nesta quinta-feira o argumento usado pelos PMs que
mataram o publicitário. Após perseguição de 10 minutos, os três
policiais envolvidos disseram que dispararam contra o Ford Fiesta da
vítima porque confundiram o celular dele com uma arma. De acordo com
Fernanda Aquino, 36 anos, o aparelho de telefone do irmão estava sem
bateria. Foto: Mauricio Camargo/Futura Press
"Acho muito estranha esta história, porque, antes de sair da casa de um amigo, ele ligou para avisar que a bateria do celular dele tinha acabado", afirmou, antes de negar também que ele carregasse maconha no carro. Os dois cabos e um soldado disseram ter encontrado 50 g da droga no veículo após revista.
Acompanhada da tia, Claudia Sacramento, 44 anos, Fernanda foi ao 14º DP, em Pinheiros, onde o inquérito foi instaurado, para fazer um boletim de ocorrência. Elas dizem que a família não recebeu até agora a carteira da vítima, que estava no carro quando ele foi morto. "A única coisa que entregaram foi o RG (documento de identidade) e o iPad", disse.
Fernanda também confirmou que um tenente da PM, que ela chamou de Gilberto Evangelista, foi pessoalmente à casa do publicitário para pedir desculpas aos familiares. Os três policiais foram presos em flagrante por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Perseguição
A ocorrência começou depois que uma viatura, que multava um veículo na praça Pôr do Sol, avistou o Ford Fiesta trafegando em alta velocidade. Estes policiais alertaram o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), que acionou outras viaturas. O veículo foi perseguido por cerca de 10 minutos e só parou depois que os três policiais militares acusados fecharam, com a viatura da Força Tática, a passagem do carro da vítima na avenida das Corujas. Por causa da fechada, os veículos chegaram a colidir.
Em seguida, os PMs fizeram cerca de sete ou oito disparos contra o carro, segundo o delegado, sendo que dois acertaram o lado esquerda da cabeça do publicitário. Aquino chegou a ser socorrido para o Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos. Os policiais foram encaminhados ao Presídio da Polícia Militar Romão Gomes.
"Falha"
O delegado seccional Dejair Rodrigues afirmou que houve "falha" dos PMs no procedimento de autuação no caso. Além disso, de acordo com ele, os policiais atiraram contra o publicitário a cerca de 30 cm da porta do veículo. "O Dr. Pedro Ivo (delegado que foi ao local da ocorrência) concluiu que a ação não era legítima e, diante disso, os três foram autuados em flagrante. ...Foi uma ação precipitada. (Eles) não seguiram os protocolos de autuação."
Em nota, a Polícia Militar lamentou a ocorrência. "Ressalta-se que os policiais militares do Estado de São Paulo são submetidos a treinamentos constantes quanto aos procedimentos operacionais padrão e que tal atitude será apurada com rigor, pois dão indícios de falhas de procedimento inaceitáveis. Dessa forma, a Polícia Militar pede desculpas à família, à sociedade e esclarece que, após as apurações, os envolvidos pagarão pelos seus erros na medida de suas atitudes.
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