Reportagem
da revista "Veja", publicada neste sábado, revela que o empresário
Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, tem dito em
conversas "com pessoas próximas" que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva era o "chefe" da quadrilha responsável por um dos maiores
esquemas de corrupção do país.
"Não
podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque
eu, o Delúbio e o Zé não falamos", teria dito Valério, na semana
passada, segundo a revista. "Lula era o chefe" é uma das frases ouvidas
pela "Veja" e atribuída ao empresário.
A
assessoria de imprensa de Lula informou que ele está em Feira de
Santana, na Bahia, onde participará de um comício do candidato petista
da cidade, Zé Neto. No fim da tarde deste sábado, Lula participa em São
Paulo de dois comícios do candidato Fernando Haddad.
Em
outra situação, Valério implicaria o ex-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, considerado como "o chefe da quadrilha", segundo a Procuradoria.
Ao falar sobre a proximidade do ex-ministro com Lula, Valério teria
dito: "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele
dizia (a Valério): vamos lá embaixo, vamos".
Valério
ainda acusa o PT de tê-lo usado como "boy de luxo". "O PT me fez de
escudo, me usou como boy de luxo. Mas agora vai todo mundo para o ralo",
diz o empresário, segundo a revista. Marcos Valério, em conversas com
amigos, ainda teria dito que o caixa do mensalão foi maior que os R$ 55
milhões apontados no relatório da Procuradoria Geral da República. Pelo
esquema teriam passado R$ 350 milhões.
Ainda
de acordo com a publicação, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares,
também réu no mensalão, era um dos interlocutores de Valério no Palácio
da Alvorada. "O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam
jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá
dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem
registro", dissera o empresário, de acordo com a revista.
Marcos
Valério ainda teria revelado detalhes sobre o esquema envolvendo os
empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que
abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o
dinheiro não foi um favor a ele, mas ao governo Lula. "Você acha que
chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: 'Me
empresta aí 30 milhões de reais para eu dar para o PT'? O que um dono de
banco ia responder?".
Fonte: O Globo
0 Comentários