Título concedido a Silas Malafaia gera mais protestos

O título de cidadão de Salvador aprovado pela Câmara Municipal para o pastor Silas Malafaia e proposto pelo vereador Héber Santana (PSC) continua provocando descontentamento junto à comunidade gay. Nessa terça, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) presidida pelo paranaense Toni Reis e que congrega 257 organizações do gênero, enviou ofício solicitando a retirada do projeto.
Alegando fazer parte do Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas, a ABGLT se diz na missão de "promover ações que garantam a cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática, na qual nenhuma pessoa seja submetida a quaisquer formas de discriminação, coerção e violência, em razão de suas orientações sexuais e identidades de gênero". O título a Malafaia, supostamente, contrariaria essa diretriz, segundo a entidade, pelo fato de o pastor ter feito declarações no programa televisivo "Vitória em Cristo", em seu site na internet e em audiências públicas na Câmara dos Deputados, consideradas ofensivas aos gays. Citam entre elas: "a homossexualidade é uma rebelião consciente contra o que Deus estabeleceu na Criação" e "Se toda prática deturpada, pecaminosa, imoral for legalizada, onde vai parar a nossa sociedade? Se a sociedade legalizar suas aberrações, ela se destruirá. Um erro moral nunca pode ser um direito civil."
Entendendo que Malafaia tem o direito "de ter suas convicções pessoais", a entidade dos gays pondera, no entanto, ser "nocivo ao direito constitucional da não-discriminação e da dignidade da pessoa humana utilizar-se dos meios de comunicação para incitar o preconceito e o ódio a setores da sociedade que não se enquadram nessas convicções". Por essas razões, a ABLGT acha que o pastor não teria condições de receber o título de Cidadão de Salvador. Semana passada, o Grupo Gay da Bahia também protestou, ameaçando tumultuar a sessão de concessão do título marcada inicialmente para o dia 27 de setembro.

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Família tradicional - O vereador Héber Santana, que integra a bancada evangélica da Câmara, lamentou a ameaça, ponderando que as diferenças de opinião deveriam ficar apenas no campo das ideias. Reforçou que defende valores compatíveis com a família "tradicional" (heterossexual) e que Malafaia teria serviços prestados à capital baiana para merecer a homenagem.
A postura dos homossexuais provocou reação dos evangélicos. Gustavo Mercês, que se autodenomina "cidadão soteropolitano e líder evangélico de minha cidade" manifestou seu "repúdio a tentativa de discriminação ao povo evangélico por parte de ativistas LGBT que ameaçam impedir a titulação de nosso líder religioso e cultural Silas Malafaia, pelo simples fato de ser contrário ao PLC 122" (projeto em tramitação no Congresso que visa criminalizar a discriminação motivada por orientação sexual). Ele diz que "o ministério de Silas tem uma abrangência nacional incluindo a casa de recuperação 'O semeador', Apoio a Mulheres com Gravidez Indesejada, e trabalhos comunitários como o restaurando vidas".
Entende ainda que o GGB "não tem autoridade e nem legitimidade para negar a concessão de título de cidadão soteropolitano a Silas Malafaia que tem prestado serviços de grande utilidade pública a comunidade evangélica de Salvador, a partir da sua cultura tão presente em nossa cidade". Queixa-se que a ameaça de tumultuar e impedir a realização da titulação representa flagrante desrespeito à democracia e a comunidade evangélica, comunidade esta visitada pelos mesmos que atacam agora, mas que perto da eleição se vestem de pele de cordeiro na hora de pedir o voto nas igrejas".

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