A Polícia Civil aposta na ajuda da população para encontrar os 27
presos que estão foragidos desde o último domingo do Instituto Penal
Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó. Até a noite dessa
terça-feira, a Polinter ainda não havia chegado aos bandidos, que
fugiram através de um túnel, cavado por eles, que desemboca na rede de
esgoto. No próprio domingo, quatro detentos foram recapturados.
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Contamos com apoio da sociedade para prendê-los. Pedimos para que
qualquer informação seja encaminhada ao Disque-Denúncia (2253-1177) -
disse o delegado Rafael Willis, titular da Polinter.
Até o final
da tarde de ontem, o Disque-Denúncia já havia recebido 42 ligações sobre
o paradeiros dos criminosos. Entre os foragidos, estão acusados de
crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, roubo, porte
ilegal de arma e até homicídio.
Falhas
Ontem,
o governador Sergio Cabral admitiu que houve falha na segurança da
cadeia. Segundo Cabral, o secretário estadual de Administração
Penitenciário, Cesar Rubens Monteiro de Carvalho, convocou agentes
penitenciários para fazer uma varredura no presídio.
- Admito que houve falha na segurança Lamento o ocorrido -
disse o governador. - Eram presos que estavam no regime semiaberto e
próximos de voltar ao convívio familiar. Só não estavam trabalhando
porque não chegou nenhuma carta, como é de praxe, de uma empresa
oficializando a sua contratação. Eles estavam às vésperas de ter um novo
regime, sem algema eletrônica, na iminência de alcançar a liberdade. E,
ao serem recapturados, vão perder tudo isso, vão passar 24 horas presos
e vão deixar de ter a pena reduzida e ter a punição devida. Lamento que
essas pessoas não tenham enxergado.
Ao mesmo tempo em que admitiu a falha, o governador falou da qualidade do sistema penitenciário do Rio de Janeiro.
-
Creio que não há no Brasil um sistema presidiário como o nosso, em
termos de qualidade. Estamos longe ainda do ideal, mas somos os melhores
do Brasil - disse Cabral. - Nós somos o primeiro estado a acabar com a
carceragem em delegacias. O secretário César Rubens está checando e
verificando onde houve a falha e certamente a polícia vai encontrar
esses foragidos.
Investigações
Até a tarde desta
terça-feira, apenas dois dos nove funcionários que estavam de plantão no
Vicente Piragibe no momento da fuga foram ouvidos: o subdiretor da
unidade e um agente penitenciário prestaram depoimento na 34ª DP (Bangu)
no domingo.
De acordo com o delegado-assistente Fábio Asty, a
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) já foi oficiada para
encaminhar os outros sete agentes que estavam de serviço à delegacia. A
polícia também espera ouvir o quanto antes os quatro presos
recapturados. Segundo o delegado, os depoimentos serão fundamentais para
determinar se houve facilitação de fuga.
A polícia não divulgou
por onde os presos fugiram. De acordo com Cesar Rubens, depois do túnel,
os bandidos tiveram acesso à uma rede de esgoto, de cerca de 450
metros, que os levou para fora do complexo. Atrás dos presídios, há um
morro com mata densa que sai no Centro de Resíduos Sólidos da
Prefeitura. Dali, passando pela Estrada de Gericinó, eles teriam
caminhado pelo menos dois quilômetros e meio até a Avenida Brasil. Foi
lá que, segundo a Seap, um agente teria desconfiado de homens sujos e
roupas jogadas no chão.
Procurada para responder se os visitantes
dos presos tiveram participação na fuga dos detentos e se imagens de
câmeras de monitoramento flagraram a ação, a assessoria da Seap
limitou-se a informar que somente se pronunciará sobre as questões
depois de concluída a sindicância que apura o caso - provavelmente em 30
dias
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