“Mudança de delegados não vai barrar a violência”, afirma policial

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) promoveu no início do mês de março rodizio de delegados em unidades de seguranças de todo o estado, principalmente em Salvador e na região metropolitana. Segundo a Polícia Civil (PC) as mudanças têm por objetivo promover a troca de experiências entre os profissionais e motivar o trabalho dos agentes.

O modelo adotado pela cúpula de segurança para tentar frear a onda de violência não convence Marcos Maurício, presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc). Para Maurício a problemática da segurança não tem relação com o posto de cada profissional. “O que falta na verdade é gestão”, declara.

“Desde sempre eles fazem essas mudanças, que na verdade nunca surtiu e nunca surtirá efeito prático. Eles acham que a segurança é imediatista e não estão focados no planejamento. A fórmula é simples. Tem que mudar o modelo de gestão”, garante Maurício que enumera três passos para se obter um resultado satisfatório.

“Primeiro devemos aproximar a policia da comunidade. Os agentes são muito mal preparados para receber as pessoas e essa falta de preparo é um reflexo da falta de capacitação dos profissionais. Em seguida devem focar em toda a estrutura dos policiais, desde o número deficiente de agentes, até a restruturação das unidades que estão destruídas e por fim, pensar em valorizar o material humano. Não adiante investir milhões em equipamento, se não se investe na motivação dos policias”, explica o representante dos policiais civis.

Mauricio reforça o clamor de Soraia Pinto, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia da Bahia – Sindpeb, que emitiu carta aberta à sociedade reprovando as mudanças. Segundo Soraia a forma como os remanejamentos foram feitos deverá apresentar um resultado desastroso. “Há que se mudar métodos, mas com ações planejadas e sérias, baseadas em estudo com sustentação e lastro técnico suficientemente capaz de realizar as mudanças realmente imprescindíveis. Do contrário, o resultado danoso é assegurado”.

“A decisão pode acarretar abissais perdas nas investigações em curso. Novas equipes terão de ser formadas ou reformuladas. Operações terão que ser iniciadas e até reiniciadas do zero, e não há como deixar de observar que na análise de risco esta importante questão foi desprezada”, afirma Soraia.

Ainda segundo o Sindpeb, o método adotado pelo secretário Mauricio Barbosa, e pelo delegado-chefe Hélio Jorge, é a mesma que vem sendo utilizada por gestores passados. “Às remoções realizadas somam-se ao menos outras cinco determinadas pelos últimos três representantes da pasta, ressalte-se, em período inferior a seis anos. Tal conjuntura confirma o fato de que nossas instituições policiais têm servido de laboratórios, cujos experimentos se apresentam ineficazes na solução de tão grave realidade”, critica.bocaonews

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