Com
204 leitos e com capacidade para atender a centenas de pessoas todos os
dias, o hospital está com apenas um paciente de particular nesta tarde e
nenhum pelo SUSFaça como eu falo e não como eu faço.
Essa
máxima popular se encaixa perfeitamente para definir a trajetória do
então candidato Rui Macedo (PMDB) com o hoje prefeito de Jacobina.
"Vamos acabar com o chicote e dar um basta à perseguição política",
gostava de dizer em cima de palanque durante a campanha eleitoral do ano
passado. "Vamos reconstruir a saúde e melhorar o atendimento a todos
porque iremos governar para todos", repetia sempre.
Acabada a
campanha eleitoral, começou o seu governo e uma das primeiras decisões
foi não renovar o contrato com o SUS, com a intenção de perseguir o
ex-prefeito Leopoldo Passos (PDT), marido da então prefeita Valdice
Castro (PP). Só que essa birra unilateral custou caro ao prejudicar
milhares de pessoas carentes.
Cinema para os pacientesOs
pacientes do hospital, durante a gestão passada, tinha direito até a
duas sessões de cinema por semana. "A gente passava filme neste
auditório e ainda era preciso colocar cadeiras extras, os filmes eram
regionais e a gente não submetia ninguém a assistir a filmes do Batman,
não", disse um dos diretores.
NúmerosSomente no
ano de 2012, para se ter uma ideia, o Hospital Regional Vicentina
Goulart atendeu 6.781 fichas de AIH - Autorização de Internação
Hospitalar - pelo SUS, além de 139 particulares e 317 de convênios.
No mês de dezembro do ano passado, o HRVG atendeu a 556 AIHs em 182 leitos pelo SUS de um total de 204 leitos.
Para
se entender melhor essa matemática, a atual administração municipal se
propôs a repassar mensalmente ao hospital a quantia de R$ 180 mil. "Esse
repasse é insuficiente, pois somente a nossa folha de pagamento é de R$
200 mil e as despesas totalizam todo mês R$ 350 mil", afirmou Carina
Sampaio, lembrando que foram demitidos 30 funcionários e outros 30 serão
demitidos no mês de abril. O hospital que contava com 157 funcionários
deverá ficar em abril com apenas 97.
Carina Sampaio disse também que
em dezembro havia uma verba de R$ 812 mil destinada a atendimentos de
média e alta complexidade, mas a parte do hospital nunca chegou. "No dia
28 de dezembro, a prefieta Valdice Castro não pôde fazer o repasse
porque o recurso não estava disponível, o que só ocorreu no início de
janeiro, mas o prefeito atual não liberou para o hospital", informou
Sampaio.
Um hospital e muitos problemasA gestão
municipal em nenhum momento se preocupou com os mais carentes, afinal o
Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho vem atendendo
precariamente, o que vem provocando mortes e muitas reclamações diárias
que chegam à Imprensa local, especialmente as emissoras de rádio.
Um
grande número de pessoas se socorrem todos dias ao Antônio Teixeira,
chegando em certas horas a ter sobrecarga no atendimento e estresse nos
funcionários.
Caos financeiro, apesar da boa gestão"Estamos
há três meses pagando os salários e cobrindo as despesas sem ter
receita, já gastamos boa parte das reservas", disse Carina Sampaio, que
acompanhou a reportagem do Corino Urgente na tarde desta terça-feira,
26. "Apesar disso, estamos em dia com nossos fornecedores, não devemos
na praça e temos todas as certidões de negativa porque o Hospital
Regional é muito bem administrado."
O hospital tem como presidente
interino o contador Nicolau Cunha, que está substituindo Francisco
Furtado, afastado por problemas de saúde. Para a direção, com as
despesas e sem receita, o Hospital Regional Vicentina Goulart poderá
fechar suas portas em maio deste ano. "As nossas reservas só darão para
aguentar até o mês de abril", disse um dos diretores.
Resumo da óperaCom
a clara intenção de atingir o grupo político liderado pelo ex-prefeito
Leopoldo Passos, o chefe do Executivo de Jacobina acabou prejudicando
milhares de pessoas, sobretudo as mais pobres que hoje sofrem na fila de
uma saúde que não foi reconstruída, conforme promessa feita pelo então
candidato Macedo.
Ou seja, o prefeito acertou no que viu e matou o que não viu.
E, para isso, vem usando a arma que ele tanto condenava: o chicote.
CORINO ALVARENGA
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