‘PM do Rio é a mais corrupta do país’, diz secretária Nacional de Segurança

Regina Miki: “O policial é recrutado na nossa sociedade, é um retrato dela”
Regina Miki: “O policial é recrutado na nossa sociedade, é um retrato dela” 

A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, afirma que os dados da Pesquisa Nacional de Vitimização — que entrevistou 78 mil pessoas em todo o país e perguntou, entre outros pontos, se o entrevistado já havia sido vítima de extorsão — mostram que a Polícia Militar do Rio é a mais corrupta do país. Leia abaixo a entrevista com a secretária.
A pesquisa mostra que a polícia do Rio extorque mais do que o resto do país. Como a senhora viu esses números?
Essa pesquisa mostrou, de fato, que a PM do Rio é a mais corrupta no país. A Polícia Civil, não. É uma boa polícia, talvez a melhor Polícia Civil do Brasil. A perícia é um exemplo e o índice de casos solucionados é alto. Mas acho que a gente deve entender que o policial é recrutado na nossa sociedade, é um retrato dela.
A corrupção é culpa também da sociedade, então?
O crime de corrupção tem o lado ativo e o passivo. Não estou defendendo a polícia, mas a mesma sociedade que cobra que a gente melhore a polícia a corrompe. Acho que, se fizéssemos pesquisas com outros agentes públicos, também apareceriam índices altos de corrupção. Mas a polícia tem o dever de proteger o cidadão, então concordo que o policial deve ser punido com mais seriedade.
Recentemente, a Polícia Federal tem prendido PMs em operações. A PF é a corregedoria que falta à PM?
Quando o crime extrapola a hierarquia da polícia, o próprio estado pede a colaboração da Polícia Federal. Às vezes, a PM está tão entranhada na organização criminosa que, numa investigação da PF, se dá de cara com um policial militar. A investigação tem que prosseguir. Embora não seja esse o papel da PF, acaba, na prática, atuando como uma corregedora das outras polícias. Mas não é o papel.
O que o ministério tem feito para enfrentar o problema?
O Ministério da Justiça, por meio da indução de políticas públicas de segurança, recomenda a qualificação das ouvidorias das polícias nos estados, para que realizem trabalhos de prevenção, com estudo de casos, e não atuem apenas na investigação de crimes posteriormente. É importante investir ainda em palestras e treinamento dos policiais.
O que mais deve ser feito?
Acho importante o rodízio. Na PF, é uma realidade. De dois em dois anos, você tira o policial de lá. Você não pode deixar criar raízes

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